Em São Paulo, até férias dão lucros

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Julho, mês de recesso escolar, não é sinônimo de desaquecimento da economia paulistana. Seja por atividades extras em shopping centers, acampamentos de férias, programação diferenciada nas escolas ou procura de itens específicos no comércio, a atividade é intensa na Capital. Mas a transição entre semestres aponta mudanças no perfil de consumo.

 

A economia de São Paulo registra até a perspectiva de abertura de mais de 5 mil vagas temporárias em julho, nos setores de lazer, entretenimento, indústria e comércio, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e Trabalho Temporário (Asserttem). "É uma boa época para ganhar renda extra e adquirir experiência profissional", diz a presidente da Asserttem, Jismália de Oliveira Alves.

 

Os acampamentos de férias são exemplo de setor aquecido. De acordo com a diretora-presidente da Associação Brasileira de Acampamentos Educacionais (Abae), Marília Rabelo, julho é o melhor mês, tanto em movimento como em rentabilidade. "Enquanto os pais trabalham, preferem deixar os filhos de recesso escolar em um local seguro e supervisionado. Trabalhamos com 80% de ocupação na alta temporada", afirma.

 

Apesar de o paulistano planejar e comprar viagens com antecedência, segundo o presidente em exercício da Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV-SP), Edmar Bull, o setor tem nas férias de inverno significativo impacto. Em relação ao ano passado, o total de pacotes vendidos/passageiros embarcados em julho deve ter crescimento de cerca de 12%, tendo como principais destinos as Serras Gaúchas, o Norte e o Nordeste e a Argentina e o Chile. "Sem contar que São Paulo é uma cidade corporativa, e os eventos de negócios continuam a atrair executivos", diz.

 

Cinema - As áreas de lazer e de alimentação de shopping centers, que contam com boliche, cinemas e atividades extras para as crianças, são outra forma de movimentar os negócios. Exemplo disso é o Central Plaza Shopping, na Vila Prudente, que, segundo o superintendente Fábio de Sousa Médici, costuma registrar aumento de movimento entre 15% e 20%, puxado por essas áreas de lazer.

 

"As férias escolares e as liquidações de inverno são duas variáveis importantes que levam um fluxo grande de pessoas aos shoppings no período. Mesmo que as áreas de lazer sejam mais impactadas, o ciclo faz crescer as vendas no total de lojas", afirma o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luís Augusto Ildefonso da Silva. Já atividades como natação ou cursos de imersão em idiomas são as estratégias das escolas particulares da Capital para manter a rentabilidade no mês, garante José Augusto de Mattos Lourenço, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo.

 

Comércio - Apesar de muitos paulistanos - ou pelo menos os seus filhos - saírem da cidade no período, julho é considerado normal, ou até mesmo bom para o comércio - ao contrário de fevereiro, o mês mais fraco do ano, quando a saída dos moradores "esvazia" a cidade, de acordo com o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri. "Mesmo que muita gente viaje nessa época - principalmente se o clima estiver bom, como nesta semana -, e de não ter nenhuma data festiva, há quem aproveite para adiantar parte do 13º para gastar nas liquidações de inverno, que já estão muito fortes, ou até renegociar suas dívidas", afirma Alfieri, lembrando de setores que se beneficiam, como o de artigos esportivos, viagens e equipamentos para camping. "Mesmo que o paulistano gaste fora, é aqui que ele compra os pacotes turísticos e os itens para levar na viagem."

 

Nas ruas de comércio popular, como 25 de Março e as do Bom Retiro, os consumidores que ficam na cidade aproveitam liquidações de inverno ou a "mini volta às aulas". Segundo a secretária-executiva da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, Kelly Cristina Lopes, as férias de julho puxam o aumento das vendas de itens de inverno em 10%, em média - além de atrair atacadistas à procura de peças da coleção Primavera-Verão.

 

Já na Rua 25 de Março, além dos clientes atraídos pela mini volta às aulas, segundo o gerente geral da matriz do Armarinhos Fernando, Ondamar Ferreira, atacadistas de todo o Brasil aproveitam o mês para abastecer seus estoques de brinquedos - já de olho nas vendas do Dia das Crianças. "É um período em que registramos crescimento nas vendas de 8% e 10% a mais que um mês normal", ressaltou.

 

Há até quem explore outros nichos de mercado e transforme julho em uma espécie de "Natal no meio do ano", como é o caso da Oliva, confecção de moda infantil de 0 a 8 anos. Especializada em moda "casual" para crianças, como moletons, calças e blusas confortáveis, a confecção consegue aumentar o faturamento e o tíquete médio em torno de 10% a 15% no período - puxados pelas compras de pais que montam a malinha dos filhos para viajar. "As mães procuram essa opção de compra para evitar que filhos viajem despreparados para acampamentos de férias, por exemplo. É uma faixa etária que dificilmente consegue usar a mesma roupa no ano seguinte", diz a proprietária da Oliva, Thaís Abujamra Hage.

 


Gasto da garotada fica com 12% do orçamento


Durante as férias escolares, os gastos com serviços e alimentação para crianças e adolescentes acabam comprometendo 12% do orçamento familiar, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV).

 

O economista André Braz, do Ibre, elaborou uma lista com a inflação de 23 itens que estão entre os produtos e serviços mais procurados durante as férias escolares. Neste grupo, a alta dos produtos foi de 6,6%.

 

Nos serviços, o aumento foi de 5,61%. Nos dois casos, a alta ficou acima da inflação medida nos últimos 12 meses até junho, que foi de 5,37% de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pela FGV.

 

A lista dos produtos mais procurados leva em conta que os gastos com "guloseimas" são maiores no período de férias.

 

Entre os itens analisados, as maiores altas registradas foram de refrigerantes e água mineral comprados em supermercados (9,36%), batata frita (8,13%) e sorvete (8,10%).

 

Nos serviços, os hotéis lideram a lista de maiores altas, com aumento nos preços de 11,72%, seguidos por clubes de recreação (aumento de 8,34%) e ida ao cinema (8,18%).

 

Registraram queda nos preços, no mesmo período, o refresco de fruta em pó (redução de 1,05%) e as passagens aéreas (menos 1,70%).

 


Veículo: Diário do Comércio - SP

 


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