Setor de alimentação nota novas tendências

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A consolidação das padarias como opção de refeição na rua, a evolução dos restaurantes das lojas de conveniência em postos de combustível, o aumento de estabelecimentos que servem comida por quilo e o alimento comprado para ser consumido em casa são fortes tendências do varejo de alimentação nos próximos anos. É o que aponta um estudo exclusivo da GS&MD Gouvêa de Souza, empresa de consultoria e serviços voltados a varejo, marketing e distribuição.

"O consumidor global tem cada vez menos tempo, aumentando as refeições fora de casa. A atual crise econômica trouxe, momentaneamente, uma retração nos restaurantes, mas à medida que a economia americana volta ao normal, prevê-se o restabelecimento do cenário", afirmou Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da GS&MD, no lançamento da pesquisa.

Entre as tendências apontadas pelo estudo, está o aumento das vendas de produtos prontos para comer em casa. Este fenômeno é visto tanto em supermercados como em restaurantes e já está consolidado em outros países. "Temos exemplos como Casino e Monoprix, na França, e Whole Foods, nos Estados Unidos, onde é comum você comprar uma refeição completa para comer no conforto de sua casa. Em alguns estabelecimentos dá para levar, por exemplo, uma refeição indiana para quatro pessoas e só é preciso esquentar", diz Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD.

Para o executivo, os restaurantes não devem perder mercado por conta desta tendência e podem incorporar esta cultura com alimentos que devem ser finalizados em casa, ampliando ainda mais suas atividades e receitas. "São os chamados restaurantes de três portas: o salão, o delivery e o to go. Dá para crescer muito trabalhando assim", explica Goes.

O estudo identificou que dois anos atrás 69% dos consumidores compravam comida pronta para consumir em casa. Em 2012 o índice subiu para 77%.

Padarias

As padarias se reforçam como um destino diário do consumidor brasileiro, e não somente pela manhã, mas também nos horários de almoço e jantar. O estudo revelou que 61% dos entrevistados costumam se alimentar em estabelecimentos desse tipo.

"A padaria e suas variantes se firmam como formato de alimentação rápida e conveniente fora de casa. Em São Paulo, por exemplo, isso é crescente e irreversível. Existe uma nova classe social chegando, com renda crescente, cada vez mais dinheiro para gastar, mas que trazem uma herança cultural que precisa ser levada em conta", comenta Goes.

Comida por quilo

Se, dois anos atrás, quando o estudo foi realizado pela primeira vez, 23% do universo pesquisado costumavam frequentar restaurantes que oferecem comida por quilo para almoçar durante a semana, este ano 48% dos entrevistados disseram ter este hábito.

"Este segmento detém uma fatia muito grande de mercado, porém sem que grandes redes se apropriem do estilo. Vejo uma lacuna que pode ser preenchida nos próximos anos", afirma Luiz Goes.

O sócio sênior da GS&MD ressalta que este é um modelo genuinamente brasileiro e que poderia até mesmo ser exportado para outros países. "Não sei se funcionaria nos Estados Unidos, por exemplo, mas na América Latina com certeza existe espaço para o formato", diz.

Conveniências

As lojas de conveniência presentes em postos de combustível aparecem na pesquisa como locais não somente para a compra de produtos de necessidade básica, mas também para fazer uma refeição completa.

"As lojas de conveniência começam a disputar mercado e têm chamado muita atenção, especialmente no café da manhã", afirma Luiz Goes.

Para Maurício do Rosário Júnior, gerente de Franquias da marca am/pm, que trabalha nos postos Ipiranga, algumas mudanças no varejo indicam o aumento da demanda por lojas de vizinhança e a sobreposição de canais, criando um ambiente favorável para o segmento.

"As lojas de conveniência são essenciais até para a sobrevivência dos canais de distribuição dos postos de combustível. Adotamos uma estratégia multicanal e já temos resultados expressivos", comemora o gerente.

Ele ainda acredita que as lojas são importantes para manter a rentabilidade e a movimentação dos postos, uma vez que vem sendo percebida uma menor frequência de abastecimento entre os consumidores. Segundo a rede, 72% do público é masculino, sendo 38,8% das classes A e B e 39,1% da classe C.

A marca tem procurado diversificar a oferta de produtos, trabalhar uma imagem diferenciada e apostar no melhor layout dos estabelecimentos. A rede também trabalha com e-commerce e no IpirangaShop chega a vender até mesmo eletroeletrônicos.

Estudo

A pesquisa da GS&MD Gouvêa de Souza ouviu 1.016 pessoas em quatro capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre (RS) e Recife (PE). Entre os entrevistados, 66% disseram fazer refeições em super e hipermercados, 61% em padarias, 55% em restaurantes de rede e 44% em restaurantes independentes. Durante a semana, o principal motivo apontado para comer fora de casa é o trabalho. Já no fim de semana, 53% do universo pesquisado frequentam restaurantes por lazer, e 39%, por prazer.

Foi constatado que, durante a semana, o gasto médio para almoçar é de R$ 19,30. Em 2010 esse índice estava em R$ 14,80. Já durante o fim de semana, o gasto médio no almoço caiu de R$ 37,20 para R$ 30,50.

O estudo também apontou menor deslocamento e menor tempo de permanência nos restaurantes durante a semana. São Paulo foi a cidade pesquisada onde menos tempo as pessoas ficam dentro dos estabelecimentos: cerca de 29 minutos. A média nacional, que em 2010 era de 40 minutos, este ano ficou em 35. Nos fins de semana os deslocamentos são maiores e se gasta mais por conta de ocasiões especiais. Já no decorrer da semana, o vale-refeição limita os gastos dos trabalhadores.



Veículo: DCI


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