Padarias apostam em diversificação

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Uma das opções para o setor de padarias crescer nos próximos anos entre as empresas que atuam no varejo brasileiro é apostar na diversificação dos nichos para ampliar a atuação. Aumentar espaços de alimentação e vender produtos como os oferecidos em supermercados de bairro e mercearias devem ser algumas das tendências. Tanto que das 63.200 padarias em operação no Brasil, 55 mil não comercializam pizzas no sistema de delivery (entrega em domicílio). O segmento é um dos que devem ganhar fôlego na área de confeitarias.

As informações são baseadas em pesquisa promovida pela Seven, organizadora de um dos maiores eventos do setor, a Feira Internacional de Panificação, Confeitaria e do Varejo Independente de Alimentos (Fipan), que começa amanhã no Expo Center Norte, em São Paulo, e seguirá até o dia 19.

Segundo João Ricardo Neves, diretor da Seven, os clientes costumam ser afoitos por pratos rápidos, como as pizzas. Além desta iguaria, a produção e comercialização de chocolates e sorvetes pode ser um agregador de volume de vendas nas padarias. "Comercializar pizzas com sistema de delivery e com a mesma qualidade das pizzarias é algo que pode ser profissionalizado dentro das padarias no País", enfatiza.

Justamente para atrair um número maior de consumidores, as empresas têm de apostar na diversificação de seus serviços e na comercialização de produtos artesanais. Um dos clássicos exemplos de modelo de negócios que deu certo com a modernização é o da Galeria dos Pães, empresa pioneira em oferecer atendimento 24 horas neste setor, além de outros serviços que agregaram lucratividade à operação. O espaço, localizado no Jardim América, zona sul de São Paulo, conta com adega de vinhos, e mercearia de produtos elaborados pela própria casa e por empresas do ramo de alimentação. A loja conta com ambiente separado, em que é oferecido aos consumidores desde café da manhã, almoço, e jantar, até sopas durante o inverno, entre outros diferenciais.

Refeições

A comercialização de milhares de refeições (food service ou alimentação fora do lar) no ano passado é outra prova de que o setor de panificação tem de sair do trivial pão e leite. Dados da Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip) apontam que, para este ano, o índice desses serviços pode crescer mais, uma vez que são vendidos em média mais de 10 milhões de refeições ao dia dentro desses estabelecimentos.

Empresários que atuam no ramo têm aproveitado essa vertente do negócio para lucrar.

No ano passado, as refeições nas padarias brasileiras foram responsáveis por 36,5% do faturamento total do setor de food service, que gerou cerca de R$ 89,1 bilhões. Sua importância é tamanha que a próxima edição da Fipan terá um espaço especial para essa área. Segundo João Ricardo Neves, diretor da Seven, para o evento deste ano já foram fechadas várias parcerias com grandes players fornecedores dessas empresas. "Fechamos parcerias com empresas de nome para organizar mais as operações de vendas de refeições dentro das padarias", disse ele.

Novos negócios

Apesar de o pão francês ter deixado de ser o foco principal das padarias, o produto agrega ganhos ao setor, que, no ano passado, teve faturamento de R$ 63 bilhões no País. Parte da vida diária de mais de 48 milhões de brasileiros - que frequentam padarias -, o alimento é sinônimo cultural, trazido pelos colonizadores portugueses. O café preto também gera lucro a essas empresas, uma vez que no Brasil são vendidos anualmente 11,2 milhões de doses da bebida. Mas, dentre as vertentes de negócio, a inserção de produtos de mercearia, ou minimercados, dentro das padarias é uma alternativa interessante.

Antero José Pereira, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan), afirma que as vendas de mercearia no setor representam, em média, de 3% a 4% do faturamento do mercado. "Isso ainda é pequeno e pouco representativo, mas pode crescer", estima ele. Para o especialista no setor, não houve um incremento maior nesse segmento porque a padaria não é vista como um local em que as pessoas podem abastecer a sua dispensa, mas como o lugar onde se faz a compra emergencial de produtos para casa. "A dona de casa costuma ir duas vezes ao mercado por mês. Já à padaria ela vai umas 17 vezes. Mesmo com a grande frequência, elas compram apenas itens emergenciais", finaliza José Pereira.

 
Fornecedor cresce junto das panificadoras



Muito mais que vender pão, café e demais itens, o setor da panificação é propulsor de ganho para inúmeras indústrias que comercializam  insumos para a produção do que é vendido dentro das mais de 63 mil padarias em operação.

A Itaiquara, empresa que produz farinha e demais componentes para produção de pães, entre outros artigos, também atua com venda de produtos ao consumidor, e tem planos de crescer acima de dois dígitos ainda este ano, afirmou Niva Sesana Gomes, gerente de Marketing da empresa, em evento do setor promovido pelo DCI, este mês.

"O mercado tem concorrência acirrada, mas esperamos crescer acima dos dois dígitos este ano", disse ela.

Com 100 anos no mercado, sempre tendo em seu comando a família Lima e Figueiredo, a empresa conta atualmente com seis filiais de vendas de seus produtos e 80 distribuidores autorizados. A Itaiquara acredita que o setor de panificação continuará a render bons frutos às indústrias que o abastecem. "Nossa empresa é familiar, assim como setor de panificação", enfatiza a gerente. Para esta próxima edição da Feira Internacional de Panificação, Confeitaria e Varejo Independente de Alimentos (Fipan), que começa amanhã, a intenção da empresa é buscar novos laços.

 

Veículo: DCI


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