Espécie de termômetro da demanda dos consumidores, o indicador de vendas "mesmas lojas" da Hering caiu 3,9% no segundo trimestre, em relação a igual período de 2011. O dado considera os pontos de venda abertos há pelo menos um ano. O desempenho da companhia, a primeira do seu setor a divulgar balanço, ficou abaixo da expectativa do mercado e sugere que o efeito da desaceleração da economia no resultado das varejistas de vestuário pode ser maior do que o esperado.
Entre abril e junho, as vendas totais da Hering (considerando as novas lojas em operação) avançaram 8,9%, para R$ 460 milhões, na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. A receita líquida subiu 10,3%, para R$ 382,8 milhões e o lucro líquido foi de R$ 85,2 milhões, alta de 10,1%.
Os analistas esperavam que as vendas da empresa tivessem variação positiva sob o critério "mesmas lojas" - entre 3% e 4% -, embora bem abaixo da alta de abril a junho de 2011, de 16,3%.
No segundo trimestre deste ano, o mercado não teve acesso à prévia de vendas da Hering. Frederico Oldani, diretor de relações com investidores da empresa, disse ao Valor que a companhia já tinha planos de extinguir a prévia e divulgar o balanço mais cedo. "Foi oportuno fazer isso neste trimestre porque as vendas não foram boas. A divulgação de alguns números, sem o contexto do resultado completo, poderia causar muita volatilidade nas ações", afirmou. Daqui para frente, não serão mais divulgadas prévias operacionais.
O executivo atribuiu a queda nas vendas "mesmas lojas" a uma "combinação infeliz" de cenário macroeconômico adverso e performance fraca em algumas linhas de produtos, num inverno em que faltou frio. "Algumas escolhas no mix não foram acertadas", disse.
Oldani continua cauteloso com cenário para o terceiro trimestre. O mês de julho, segundo ele, começou com forte ambiente promocional nas lojas, que estão buscando queimar os seus estoques. "A queda das temperaturas pode ajudar a venda das coleções de frio, mas ainda não há indícios de grandes mudanças no horizonte macro", disse.
Ele afirma que a Hering tinha expectativa de que o resultado do segundo trimestre viesse em linha ou "um pouco melhor" que o do primeiro. "Mas o que vimos foi a desaceleração da economia ficar mais acentuada", afirmou.
Por estar com performance abaixo das suas metas neste ano, a Hering retirou uma provisão para pagamento de bônus de participação nos resultados do seu balanço. Com essa despesa a menos, a companhia conseguiu compensar a queda de dois pontos percentuais na margem bruta, que ficou em 45,2%, e registrou uma leve expansão de margem Ebitda (antes de juros impostos, amortização e depreciação). O indicador subiu 0,6 ponto percentual, para 28,7%.
Veículo: Valor Econômico