O Café Canecão completa 50 anos na semana que vem com planos para expandir sua atuação, atualmente concentrada na região metropolitana de Campinas, onde está sua sede, e em outros polos do interior paulista. O objetivo da empresa é estar presente pelo menos em todo o Estado de São Paulo até 2020.
A mudança na tributação para o segmento cafeeiro aprovada pelo Congresso em março, mas que já vigorava desde o início do ano, deve garantir melhores condições de competitividade para as torrefadoras de pequeno e médio porte, como o Café Canecão. A empresa, nacional, é dirigida pelas holdings das famílias Abud e Martins, com 50% de participação de cada uma.
Para Natal Martins, diretor comercial e de marketing da companhia, o antigo regime prejudicou as pequenas e médias torrefadoras, já que as grandes empresas tinham a possibilidade de adquirir créditos presumidos ao atuar também na exportação do café verde. Hoje não existe incidência de PIS/Cofins sobre a exportação de café cru. Apenas indústria e varejistas pagam os tributos com crédito de 80% do imposto de 9,25%. "Agora temos fôlego para mais 50 anos".
Para Américo Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o novo regime tributário equiparou as condições entre as indústrias. Em contrapartida, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) afirmou ao Valor no passado recente que a mudança vai desestimular a exportação de produtos de alto valor agregado.
Natal Martins lembra que a "competição" com as grandes multinacionais a partir da década de 1990 foi vista como oportunidade. E credita à inovação e investimentos em marketing a receita para a sobrevivência. A indústria do Café Canecão foi uma das primeiras a obter a certificação ISO 9001, em 1999. Foram investidos cerca de R$ 3 milhões em uma nova fábrica, inaugurada em 2006.
Depois de dois anos de fortes prejuízos (2007 e 2008), a empresa fez uma estruturação em gestão e corte de gastos. Este ano a expectativa é aumentar em 16% o faturamento em relação aos R$ 22,7 milhões de 2011. O lucro líquido no primeiro semestre deste ano alcançou quase R$ 400 mil, pouco inferior aos ganhos registrados em todo o ano passado (R$ 470 mil).
O volume de vendas deve ser mantido em 2,6 milhões de quilos em 2012. Mas a meta é chegar a 6 milhões em 2020. O que barra uma expansão mais rápida, de acordo com o diretor comercial da companhia, é a falta de mão de obra especializada.
O produto mais comercializado é o café tradicional, mas a companhia também vende cafés espresso, gourmet, cappuccino e solúvel. Nesta semana foi lançado um produto com vendas exclusivas pela internet, feito com grãos gourmet 100% arábicas e oito versões de moagem.
O Café Canecão também quer elevar a exportação de café torrado e moído, apesar das barreiras não tarifárias de grandes compradores como Europa e EUA. A empresa já fez vendas pontuais para EUA, Portugal, França, África do Sul e Emirados Árabes. Já foram embarcados ao Japão dois contêineres de café tradicional, com cerca de 9 toneladas cada um em 2011 e no início deste ano para atender à comunidade brasileira no país asiático. Neste segundo semestre, deve ser exportado um outro contêiner.
"Vamos continuar lutando para exportar", afirma Martins. A companhia já recebeu a visita de outra delegação japonesa. A perspectiva é que novos negócios possam ser fechados.
Veículo: Valor Econômico