De brinquedo a porta-ovos, Londres tenta faturar

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Com 10 mil artigos oficiais à venda, os Jogos de Londres de 2012 oferecem a maior variedade de apetrechos Olímpicos da história. Os organizadores esperam vender mais de 1 bilhão de libras - ou US$ 1,55 bilhão - em badulaques, de brinquedos a porta-ovos.

Analistas do setor de varejo geralmente não gostam de tolher sonhos olímpicos, mas, dessa vez, eles têm suas dúvidas. "Eu ficaria surpreso se eles chegarem sequer perto [dessa marca]", disse Bryan Roberts, diretor de tendências de varejo da Kantar Retail.

Outra firma de pesquisa de mercado, a Verdict Research, calcula que os Jogos gerarão um total de 100 milhões de libras em vendas ligadas à Olimpíada, incluindo produtos oficiais e não oficiais e alimentos. O Comitê Organizador de Londres (Locog), informou que a venda de 1 bilhão de libras em mercadoria resultaria em 80 milhões de libras em lucros e ajudaria a equilibrar a contabilidade. Expressando confiança, o Locog não quis comentar o que acontecerá se ficar aquém da meta.

A lista de produtos inclui roupa de cama e toalhas de praia, ursinhos de pelúcia de edição limitada que custam cerca de R$ 260, quatro tipos diferentes de patos de borracha, vagões de metrô em miniatura, figuras de Lego, réplicas de uniformes da equipe britânica e, é claro, guarda-chuvas. Muitos dos itens apresentam Wenlock e Mandeville, os mascotes oficiais dos Jogos, que têm um olho só e parecem alienígenas. Outros mostram o logotipo da Olimpíada de 2012, que parece um painel de vidro quebrado de cor rosa choque.

Na Oxford Street, rua que é o coração do comércio de suvenires de Londres, os varejistas dizem que o programa de vendas de artigos olímpicos foi mal concebido para um cenário econômico difícil. "É tudo tão caro, por que os turistas comprariam?", diz Paygar Sediqi, um gerente de loja cujas vendas caíram 60% desde o ano passado. Sediqi diz que as camisetas olímpicas custam R$ 64, mais que o dobro das não olímpicas, e não estão vendendo. "Eles pensam que esta é uma linha desejada? É uma linha de porcaria", disse o varejista, apontando para sua pequena seleção de mercadorias oficiais da Olimpíada. "Com um olho só? Não dá!", reclamou ele sobre os mascotes Wenlock e Mandeville.

"Tanto o logotipo como os mascotes não foram exatamente bem recebidos pelo público britânico", diz Roberts, o analista da Kantar Retail, acrescentando que alguns dos produtos à venda são "bastante esotéricos".

Os críticos têm sido duros. "Há uma inclinação para a produção de lixo sem muito planejamento nos empreendimentos olímpicos, mas em nenhum lugar isso é tão preocupante quanto nas mercadorias", disse o crítico de arte Stephen Bayley sobre a coleção.

Bayley - que recentemente escreveu que o logotipo olímpico de Londres é "um dos mais superlativamente horríveis de todos os tempos," e que os mascotes são " Smurfs gerados por computador" - acusou o comitê de vender "lixo chinês". E acrescentou que espera que o público tenha bom gosto e deixe de comprá-lo. Muitos vendedores online estão oferecendo itens com descontos de até 50%, antes mesmo da cerimônia de abertura prevista para hoje. A maior parte dos produtos foi fabricada fora da Grã-Bretanha.

O Comitê e seus parceiros varejistas não quiseram divulgar números de vendas, mas disseram que estão "no caminho previsto" e que esperam que as vendas alcancem um pico durante os Jogos. O Locog informou que não sabe o volume de itens vendidos durante os Jogos Olímpicos de Pequim.

A meta de 1bilhão de libras "parecia ambiciosa no início, mas temos grande confiança", diz Simon Lilley, diretor de varejo do Locog, na abertura de uma loja temporária no Hyde Park no início deste mês. "Se você quer gastar US$ 5 ou US$ 500, há algo para você".

Parte do problema é que os consumidores preferem os itens de US$ 5. Aqueles que decidem comprar preferem mercadoria mais barata, dizem os analistas, diminuindo as esperanças de vender "produtos de alto valor" como material autografado por atletas, que podem passar de R$ 3 mil.

A equipe GB, como os atletas olímpicos britânicos são chamados, ficou com o direito de vender dois itens - um cachecol para fãs e um medalhão - separadamente do programa do Locog. Apesar de certa ajuda publicitária, como a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, ser vista usando o cachecol, Andy Hunt, chefe de missão da equipe GB, comentou este mês que as vendas estavam fracas.

Nem todas as vendas têm decepcionado. Numa loja oficial, a vendedora Jordayne Simmonds disse que os produtos menos úteis, como uma tocha olímpica em miniatura de ouro que custa R$ 32, eram os mais populares.

 

Veículo: Valor Econômico


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