A crise global desenhou no primeiro semestre um quadro curioso: Carrefour cresce bem menos no mundo do que o Walmart, e este se expande a um ritmo quase igual ao do Casino - para ficar nas três varejistas com operações no Brasil.
Os franceses do Casino, controladores do Grupo Pão de Açúcar, apresentaram ontem os números. A rede apurou uma expansão de 7,5% nas vendas de janeiro a junho, pouco acima da alta de 7,2% apurada pelo Walmart nos últimos dois trimestres do ano fiscal do grupo. No Carrefour, a situação continua ruim: de janeiro a junho, a varejista (em fase de reestruturação global) registra magra expansão de 0,9% nas vendas no mundo.
Pesa a favor do Casino o fato de a rede operar com diferentes formatos de lojas de pequeno porte, com resultados acima dos hipermercados (foco de operação do Carrefour). Expansão orgânica voltada para países emergentes (como Colômbia, Vietnã e Tailândia), com menor exposição da rede aos mercados maduros da Europa, também explica os resultados. Cerca de 48% das vendas do Casino vieram de fora da Europa neste ano e no Carrefour, a taxa atingiu 31%.
Além disso, analistas estrangeiros acreditam que redes que enfrentaram reestruturações no passado recente, ajustando despesas e focando investimentos em crescimento orgânico (abertura de novas lojas, que sempre "turbinam" os números) também tendem a sentir menos impacto da fuga de consumidores das lojas.
Chama a atenção o fato de que os negócios dessas redes fora de seus países de origem continuam crescendo a taxas de expansão duas ou três vezes maiores que a média no mundo. O Walmart Internacional se expandiu 15% nos últimos dois trimestres, quase o dobro da taxa mundial. No Casino, o cenário se repete: de janeiro a março a operação fora da França cresceu 23,5% e no mundo, 11,3%.
De acordo com dados publicados ontem pelo Casino, no primeiro semestre a rede cresce mais que o rival Carrefour em todos as regiões geográficas onde ambos atuam. E quando cai, a queda é menor. No Brasil, por exemplo, o Casino informou em relatório alta de 11,4% nas vendas no segundo trimestre, por meio da operação de Grupo Pão de Açúcar, enquanto o Carrefour cresceu 5,9% no Brasil.
As vendas de Casino de janeiro a junho atingiram € 17,35 bilhões de, avançando 7,5% sobre o ano passado. Houve queda de 6,5% no lucro líquido no primeiro semestre e o lucro operacional subiu quase 20%. Ao comentar os resultados, Charles Naouri, presidente do Casino, mencionou o processo de consolidação no controle de negócios pelo mundo: "O custo de transição foi bastante elevado, a fim de tomar posições de controle em diferentes países. Agora o perímetro [de nosso negócio] é relativamente estável, seremos capazes de reduzir nossa estrutura de custos". A companhia deve reduzir custos de operação na França.
Veículo: Valor Econômico