Braskem reduz ritmo de investimento

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Na semana em que inaugura sua segunda fábrica nova neste ano e prestes a completar 10 anos desde sua fundação, a Braskem disse que terá que rever os projetos que estão no foco da empresa para os próximos anos e que não garante a realização de todos eles. A meta da empresa é colocar em andamento somente aqueles em que o critério geração de resultados se mostre interessante. O motivo para adoção dessa medida vem das seguidas quedas da geração de resultados operacionais, que passou de uma média trimestral acima de R$ 1 bilhão em 2010 para R$ 900 milhões no ano passado e que até o final do segundo trimestre ficou na casa de R$ 800 milhões.

Com isso, afirmou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, a empresa mantém o compromisso de prezar pela rigidez financeira da companhia que tem a Odebrecht e a Petrobras no bloco de controle da petroquímica.

No escopo da Braskem estão, entre os projetos, uma nova unidade do chamado plástico verde integrada a uma unidade de produção de etanol, que, apesar de anunciada há mais de um ano, não teve seu local de instalação decidido, o próprio Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), cujos valores ainda não foram definidos, além de outros projetos no Brasil e na América Latina.

"O cenário econômico atual deixará mais criteriosos os aportes da empresa, e com isso a agenda de investimentos da empresa terá que ser readequada com base nessa análise que estamos fazendo", afirmou Fadigas, durante a apresentação dos resultados da Braskem no segundo trimestre do ano. "Para sustentar o ritmo de investimentos precisaríamos de medidas anticíclicas, como a desoneração de investimento [bens de capital] e o acesso a matéria-prima mais competitiva", acrescentou ele.

Nem mesmo a participação da Petrobras, que constrói o Comperj, no Conselho de Administração da Braskem parece intimidar Fadigas, que disse que até o aporte nessa unidade petroquímica terá de passar por essa análise mais criteriosa. Os investimentos da empresa para o ano, disse o executivo, estão garantidos; o que a empresa analisa é o orçamento e o cenário mais depreciado do mercado nacional para 2012 e 2013 como indutores dos próximos passos da empresa. A meta da companhia é terminar o ano com aportes de R$ 1,7 bilhão. Deste valor, até a metade do ano, 70% já haviam sido aplicados.

"Essa nova postura significa que a lista de projetos da Braskem será menor, alguns projetos deixarão de ser feitos", completou ele, que não apontou quais seriam os possíveis candidatos a ficar em segundo plano. "As desonerações prometidas e esperadas para a indústria podem ajudar a reduzir essa lista", ponderou ele.

De acordo com Otávio Carvalho, da Maxiquim, a geração de resultados para a Braskem, no momento, pode estar mais próxima justamente nessa expansão marginal da produção como nas duas novas plantas da empresa. Além disso, na nova planta de polipropileno em Camaçari (BA) há "sobra" de propeno, o que poderia trazer maior retorno com a monetização do insumo que existe no local.

Agora, segundo ele, no médio prazo é necessário o desenvolvimento da petroquímica básica, que vem limitando a producao de resinas. Dessa forma, a resposta a essa demanda seria o Comperj, que ainda está em fase de determinação do escopo do projeto e pode ser o meio da Braskem aumentar a diversificação de máterias-primas para a produção petroquímica. Para ele, apesar disso, a disponibilidade do gás de xisto nos Estados Unidos ainda deixa a competitividade nacional em desvantagem pela diferença de infraestrutura dos dois países.

América do Norte

Fadigas destacou em seu discurso a perspectiva de maior crescimento da economia dos Estados Unidos quando comparada com a brasileira. Nos últimos meses a petroquímica brasileira anunciou o investimento na aquisição de uma unidade para produção de propeno na refinaria Marcos Hook, que contou com o auxílio do governo do estado onde se localiza a empresa, Pensilvânia, e que levará a empresa a ter um insumo cerca de US$ 250 mais barato do que pagava antes.

Além disso, a Braskem fechou uma parceria com a Enterprise Products que prevê a aquisição de pouco menos de 375 mil toneladas de propeno dessa unidade para atender a parte da demanda de suas três fábricas no Estado do Texas. De acordo com Fadigas, a matéria-prima originada dessa empresa é feita com o processamento do gás de xisto (shale gas), mais competitivo do que o gás natural no Brasil.

A estimativa da empresa é de que a geração de caixa possa aumentar 30% a partir de 2015 com os projetos por lá.

Ainda no mercado internacional, o projeto Etileno XXI, joint venture da empresa brasileira com a Idesa, no México, continuará a ser feito. O investimento estimado nessa unidade é de US$ 3 bilhões e terá como objetivo atender a demanda daquele país. Ainda para atender o mercado local a companhia inaugura na sexta-feira a fábrica de PVC em Alagoas, que acrescenta 200 mil toneladas da resina à capacidade já instalada de 500 mil toneladas que a Braskem possui.


Veículo: DCI


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