Carros lideram prejuízos em SC

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Os seguros de veículos foram até agora os mais atingidos pelas fortes enchentes em Santa Catarina. Várias seguradoras, como Bradesco, HDI, Liberty e Mapfre já contabilizam os primeiros prejuízos, mas dizem que os danos podem ser muito maiores. Além dos carros, apólices residenciais, de estabelecimentos comerciais e empresariais já foram acionadas nos últimos dias em meio ao caos provocado pelas chuvas. 

 

O Estado de Santa Catarina já movimentou R$ 1,64 bilhão este ano em prêmios de seguros, até setembro. Os sinistros contabilizados somam R$ 585 milhões, mas os especialistas dizem que esse número vai, no mínimo, dobrar com a inclusão dos dados das últimas duas semanas, que só devem estar prontos em janeiro de 2009. A região tem mais de 900 mil veículos segurados. O Sincor-SC (sindicato dos corretores de seguro do Estado) fez estimativas preliminares de 2 mil sinistros em carros apenas nos últimos dias, segundo Odair Rodes, presidente do sindicato. 

 

A Bradesco Seguros, a líder no Estado, com 22% do mercado, já recebeu 550 pedidos de reboque de veículos, dos quais 80 foram classificados como perda total e 40 tiveram o sinistro pago, totalizando R$ 3,5 milhões, conta Ricardo Saad, diretor geral da Bradesco Auto/RE, que passou ontem pela região para avaliar as perdas. 

 

Segundo ele, a dinâmica do mercado de seguros veículos, produto muito mais difundido, é mais rápida que a do mercado de residências, por isso, os prejuízos apareceram primeiro nos carros. No caso das casas, há o fato de a cobertura contra enchentes e alagamentos ser adicional ao pacote básico oferecido (que cobre vendavais e quedas de raio, por exemplo). Quem não contratou a cobertura extra, não terá a indenização. 

 

A Liberty Seguros, outra que é forte na região, contabilizou 250 sinistros em carros e 100 em pequenas propriedades comerciais e residências, conta Luiz Francisco Minarelli, diretor de sinistros da seguradora. Ele estima que de 40% a 50% dos sinistros vão ser de perda total. A Liberty, além das oficinas próprias, alugou oficinas locais extras para atendimento aos seus seguradoras e arrumou pátios para colocar os carros danificados. 

 

Na Mapfre, foram verificadas 150 sinistros em carros. Mas a seguradora estima perdas ainda em outras apólices, como o seguro de transporte e o de crédito à exportação, comprometidos pelo fechamento do Porto de Itajaí, afirma Dirceu Tiegs, vice-presidente da área de mercados da Mapfre. A seguradora ainda não sabe avaliar as perdas, por conta do caos que a região ainda está. A seguradora deslocou sua diretoria regional e técnicos de São Paulo para as cidades atingidas. 

 

A HDI, com 127 mil veículos segurados em Santa Catarina, registrou até agora 214 sinistros de automóvel. A estimativa, segundo Carlos Collino, diretor de sinistros da HDI, é de que sejam reportados entre 300 e 350 sinistros - dos quais 60% devem ser perda total por alagamento, o que corresponde a um prejuízo de R$ 4 milhões. 

 

Entre as empresas, também começam a aparecer as primeiras ocorrências. Alberto Encinas, o presidente da Gomes da Costa (GDC), maior empresa de conservas de peixe do Brasil, acionou o seguro para recompor as perdas com a inundação. A GDC tem em Itajaí duas unidades, uma de embalagens, e outra para fabricação de conservas. Esta última, sua principal fábrica no país, com 1,3 mil funcionários, foi duramente afetada pela água. 

 

Encinas não revelou as características do seguro que a empresa possui nem estimou as perdas. Segundo ele, a empresa possui seguro total e os peritos ainda estão realizando os cálculos dos prejuízos. A água na fábrica da GDC, à beira do Rio Itajaí-Açu, atingiu até um metro de altura. Os principais problemas foram em maquinários elétricos e na paralisação das atividades por 10 dias. 

 

De acordo com o secretário de pesca de Itajaí, Antonio Carlos Momm, são raras as empresas de pesca que possuem seguro. Encinas explica que a GDC o possui por ter adotado no Brasil a mesma política que o grupo tem nas demais unidades em outros países. A GDC foi comprada pelo grupo espanhol Calvo em 2004. 

 

O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau e região (Sintex), Ulrich Kuhn, disse que boa parte das empresas do setor possui seguro e eles foram acionados já na semana passada. Segundo ele, algumas apólices incluem lucro cessante em caso de comprometimento da produção por alagamento, mas isso não é uma regra geral. 

 

"As empresas, na sua grande maioria, não tiveram perdas de maquinário. Acionaram o seguro principalmente por eventuais problemas na parte física", diz. Kuhn, que também é diretor da Hering, exemplificou que a própria empresa acionou o seguro porque entrou água em um depósito de fios. 

 

O presidente do Sintex preferiu não estimar o valor dos sinistros. Na segunda-feira passada, quando a cidade de Blumenau ficou parada, e as empresas têxteis não trabalharam, o Sintex estimou prejuízo de US$ 5 milhões no dia, considerando só Blumenau, e de US$ 15 milhões se forem levadas em conta todas as indústrias têxteis do Vale do Itajaí. Os parques fabris não sofreram graves inundações, tirando algumas exceções. A principal perda foi de paralisação das atividades por falta de mão-de-obra e pelo caos que se instalou na infra-estrutura da cidade. 

 

Já o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas de Santa Catarina (Fetrancesc), Pedro Lopes, calcula que as empresas de transporte tiveram prejuízos de R$ 1 milhão nos seis primeiros dias mais graves das enchentes. Lopes diz que outras perdas ainda virão porque há ainda vias importantes interditadas como a SC-470 no Vale do Itajaí. 

 

Veículo: Valor Econômico


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