Varejo amplia serviços para reaver lucros

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Disputa acirrada por clientes derruba lucratividade da venda de produtos, e lojas expandem novas fontes de receita


Nos EUA, lojas já têm ótica, telefonia e clínica médica; tendência é seguida também por redes brasileiras

Com a disputa acirrada para atrair consumidores, as redes de varejo devem expandir os serviços oferecidos dentro e perto de suas lojas.

Embutidos no preço ou vendidos à parte, serviços como instalação de equipamentos, oficinas, consultoria e até mesmo turismo devem crescer 32% de 2011 a 2015, segundo estimativa da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza.

No mesmo período, as vendas devem crescer 27,3%.

As projeções são baseadas em indicadores do varejo, de serviços e nos resultados financeiros publicados pelas principais redes do país.

"Como a concorrência entre as lojas é grande, não há como ter grandes margens de lucro na venda dos produtos. A lucratividade tem de ser garantida de outra forma. A oferta de serviços é certamente uma delas", diz Claudio Felisoni, que comanda o Provar (Programa de Administração de Varejo, da USP).

No ano passado, os serviços geraram R$ 108,9 bilhões ao caixa dos varejistas. Em quatro anos, a previsão é que atinjam R$ 143,6 bilhões.

TUDO NO MESMO LUGAR

O ritmo de expansão de serviços deve superar o da própria venda de produtos. "De um lado, o consumidor quer otimizar o tempo, resolver tudo em só local e está até disposto a pagar quando tem acesso a um serviço de qualidade. Do outro, o varejista precisa incrementar o negócio", diz Luiz Goes, sócio e diretor da GS&MD.

A participação dos serviços no faturamento do varejo varia em média de 13% a 14%-quando se consideram inclusive os serviços financeiros, como crediário, seguros, cartão da loja etc. Entre as lojas de departamento (Renner, C&A, Marisa), a fatia é ainda maior, de 20% a 30%.

A tendência é comum nos EUA. Presente em 49 Estados, a Target, por exemplo, montou óticas para atender os clientes em suas lojas.

O Walmart tem clínicas para pacientes com alergia, e a canadense Loblaw, de alimentos, atua com marca própria até no setor de telefonia.

No Brasil, os serviços estão mais relacionados aos produtos vendidos, como garantia estendida e serviços técnicos.

O Carrefour oferece, por meio da marca Conect (de uma empresa terceirizada), instalação de televisores, além de suporte técnico em informática para quem compra produtos eletroeletrônicos e computadores em suas lojas.

Na Leroy Merlin, há corte de madeira, vidro e assistência de arquitetos em algumas lojas da rede.

Recentemente, o varejo também fez parceria com o turismo. A Casas Bahia montou quiosque da TAM e o Magazine Luiza criou a Luiza Viagens.

"A tendência é ampliarmos a oferta de consultores, como os de queijo e vinhos, que já atuam nas lojas", diz Cristiane Irigon, gerente de marketing estratégico do Grupo Pão de Açúcar.


Pesquisa aponta maior interesse

Os consumidores têm mais interesse em contratar serviços de cabeleireiros, limpeza de automóveis, reparos no lar e lavanderia, segundo pesquisa com 2.500 pessoas da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza. Em 2011, por exemplo, 54% deles usaram serviços de instalação e montagem.


Veículo: Folha de S.Paulo


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