Produtos e serviços rendem mais que gasolina em postos

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Com itens como combustível pré-pago e alimentos de marca própria, redes transformam-se em pequenos shoppings


Até pouco tempo seria impossível imaginar distribuidoras de combustíveis vendendo suas próprias linhas de alimentos ou mesmo gasolina sendo comercializada de forma pré-paga, como crédito de celular. Pois o negócio de varejo de conveniência das distribuidoras evoluiu muito desde a estreia em 1987 com a rede Express do posto Shell. E já há quem obtenha 50% da receita de serviços e produtos e que não tem nada a ver com o combustível.

As lojas que antes vendiam apenas doces e bebidas ampliaram seu potencial para produtos. As unidades BR Mania, da distribuidora BR, por exemplo, estão apostando no mercado de alimentos gourmet para melhorar ampliar seus produtos de marca própria — produtos fabricados sob demanda para a distribuidora. A meta da empresa é chegar a 100 itens de marca própria como sanduíches e pratos gourmets. “Queremos oferecer soluções para a tendência de crescente de falta de tempo das pessoas e necessidade de alimentação fora do lar”, afirma José Lima de Andrade, presidente da BR.

A distribuidora fechou uma parceria com as indústrias mineiras Alimenta e Faleiros para a fabricação da marca própria. O objetivo é aumentar o fluxo pessoas nos postos de gasolina. Atualmente, a loja de conveniência tradicional já aumenta em 20% a venda de combustíveis nos postos onde está inserida. “Na medida emque aumentamos o número de lojas cresce, e estas se diferenciam da concorrência, este potencial de faturamento aumentará.”

Andrade afirma que a empresa vai chegar a 1.275 novas lojas de conveniências da BR Mania em em sua rede de sete mil postos até 2016, somando quase dois mil estabelecimentos. “Esse setor do varejo tem grande potencial de crescimento no mercado brasileiro. Por isso nossa estratégia nesse período é tornar as lojas BR Mania mais presentes no dia a dia do consumidor, com produtos e serviços diferenciados”, afirmou o executivo, ressaltando que “a dimensão continental do Brasil, considerando a logística de distribuição, e algumas particularidades regionais, são ainda os maiores desafios para crescer neste segmento”.

 Potencial de mercado

Diferentemente domercadoamericano, onde as lojas de conveniência estão presentes em quase 90% dos postos, noBrasil a expectativa do Sindicato Nacional das Empresa Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) é de um crescimento de 8,8% no número de estabelecimentos neste ano, de 6.640 unidade para 7.222, o que representaumainserção em apenas 18% do mercado total de postos. De acordo com dados do Sindicom, as lojas de conveniência em postos fecharamo ano de 2011 com um tíquete médio de R$ 6,95, e umfaturamento total de R$ 3,8 bilhões

Gasolina pré-paga

A rede de postos Ipiranga, do Grupo Ultra, é dona da marca de varejo de conveniência am/ pm, que detém 40% do market share do mercado no país com 1.200 unidades, além do site de comércio eletrônico Ipirangashop, que vende 50 mil itens de produtos, inclusive, eletrônicos. Para a Ipiranga, inovar em varejo não é novidade. “Em alguns postos, o faturamento com combustível já é igual ao de outros produtos que não estão diretamente ligados ao petróleo”, afirma Jerônimo dos Santos, diretor de varejo e marketing da Ipiranga.

A saída da empresa para manter a inovação foi oferecer uma forma de pagamento, no mínimo, inusitada: o combustível pré-pago. “Lançamos em setembro de 2011, com objetivo de levar os consumidores controle e facilidade na hora de abastecer”, explica Santos.

O cliente pode comprar crédito de combustível no site da empresa, como se fosse recarregar o celular, e com isso, ganha desconto de até 20% no valor final do produto. “A vantagem é que ele ganha pontos para participar do nosso programa Quilômetros de Vantagens e pode trocar esses pontos por combustíveis, descontos em produtos no site ou mesmo na rede am/ pm”, explica o executivo.

Desde setembro, 50 mil consumidores já utilizaram pelo menos uma vez o serviço de gasolina pré-paga da Ipiranga,umnúmero modesto perto dos 10 milhões de clientes que fazem parte do programa de fidelidade.

Crescimento

O maior desafio da Ipiranga éampliar o alcance de seus serviços de conveniência para os 6 mil postos da rede. Uma das ações é ampliar parcerias com redes de alimentos e serviços conhecidas. “Conseguimos alcançar uma variedade grande de serviços, como restaurantes, lavanderias, caixa eletrônicos, farmácias”, afirma. Santos não divulga a participação total do negócio de conveniência no faturamento da rede, mas garante que esses serviços temum aumento de 20% ao ano. Em2011, a Ipiranga registrou volume de vendas de 21,7 milhões de metros cúbicos, 8% acima do volume vendido em 2010. A receita líquida da empresa foi de R$ 42,2 bilhões, aumento de 16% em relação ao ano anterior.


Veículo: Brasil Econômico


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