Efeitos dos preços de grãos devem ser sentidos em breve

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Os preços dos alimentos foram um dos principais responsáveis pelas pressões inflacionárias dos últimos meses. A quebra de safra dos Estados Unidos e questões climáticas internas contribuíram para essa alta do setor alimentício. Apesar disso, a prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) primeiro decêndio de setembro, divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que os produtos agrícolas foram os que mais contribuíram para a queda do índice que passou de 1,21% no indicador de agosto para 0,59% nos primeiros dias deste mês

Segundos os dados da Fundação, os produtos agropecuários passaram de 4,39% na divulgação do mês passado para 2,01% em setembro. Salomão Quadros, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV afirmou que a alta da quebra de safra já chegou ao seu limite, "o efeito primário já chegou ao seu limite, esse é principal fator responsável por essa desaceleração".

Mesmo assim o especialista não descarta novas pressões "o que ainda não chegou ao final é o desdobramento disso, essas altas iniciais dão margem para altas secundárias, preços de suínos, de aves, todos esses efeitos estão acontecendo mas o impacto disso ainda está sendo sentido".

Dentre os índices que compõem o IGP-M quase todos também apresentaram redução no indicador de setembro, o Índice de Preços no Atacado (IPA) registrou variação de 0,75% neste mês ante 1,73% em agosto. Já o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) atingiu 0,16% neste mês ante 0,39% no último dado coletado. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), foi a exceção e apresentou variação de 0,29% neste mês ante 0,08% registrado na prévia de agosto.

Quadros explica que isso ocorre pois "no IPA os efeitos iniciais estão desaparecendo, a transmissão desses efeitos iniciais vai chegar no varejo, e o IPC está subindo por causa dessas influências". A comprovação desses efeitos secundários, segundo o representante da FGV, é a alta da categoria aves abatidas e frigorificadas que passou de 2,5% em agosto para 7,2% em setembro.

O economista também acredita que o IPC não está sendo influenciado apenas por esses efeitos. "No mês passado os automóveis estavam em queda, esse mês já apareceram aumentos tanto nos novos quanto nos usados, desde que o governo decidiu dar essa isenção de IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] os preços dos automóveis vinham caindo, isso gerou um aumento", completou o economista responsável pelo levantamento.

O item Automóvel Novo passou de uma queda 0,7% para alta de 1,35% nesta prévia.

Para o professor Fernando Fleury, da Business School São Paulo (BSP), "no lado do IPA, um ponto que contribui é o dólar, que quando vai a R$ 2 gera um preço defasado de commodities no mercado doméstico. O movimento de dólar influenciando o IGP-M no preço do atacado demora para que os preços voltem a se estabilizar".

Segundo a FGV, os dados coletados apontaram que dentro do IPA, a taxa de variação do índice referente a Bens Finais recuou de 0,58% para 0,57%. Contribuiu para este movimento o subgrupo bens de consumo não duráveis exceto alimentação e combustíveis, cuja taxa passou de 0,35% para 0,06%. No estágio dos Bens Intermediários, a taxa de variação passou de 1,27% para 0,53%. A principal contribuição para esta desaceleração partiu do subgrupo materiais e componentes para a manufatura, que passou de 1,16% para 0,4%.

O INCC foi influenciado pelo índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços que registrou variação de 0,34%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,24%. O índice que representa o custo da Mão de Obra não variou, no primeiro decêndio de setembro. Na apuração referente ao mesmo período do mês anterior, o índice variou 0,52%.

Previsões

O diretor-presidente da Fractal, Celso Grisi, acredita que em um médio prazo o governo terá que se preocupar com a taxas de inflação. "Eu acho que nós podemos já ver uma recuperação da economia brasileira. A inflação de demanda não será tão forte este ano, mas o ano que vem o governo terá que subir os juros, que deve fechar 2013 em 9% mais ou menos, porque a recuperação é assim, vai trazer muito capital estrangeiro, isso vai irrigar a liquidez do sistema, essa própria entrada de capitais vai influenciar a inflação", disse o especialista.



Veículo: DCI


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