Empresa fez oferta de R$ 268 milhões pelos ativos em abril, e espera a aprovação dos detentores de bônus
O grupo JBS, o maior processador de carnes do mundo, está perto de concluir a compra de ativos do frigorífico Independência, que permitirá a ampliação de suas operações de bovinos em áreas com grande oferta de animais para abate, segundo fontes próximas à negociação.
"A proposta (do JBS) foi concluída e aprovada pelos "bondholders" (detentores de títulos de dívida). Agora, está em processo de assinatura de contrato. (Trata-se de) um processo burocrático", disse uma fonte próxima ao JBS com conhecimento sobre a negociação.
Para ser concluída, a operação ainda dependia da aprovação dos "bondholders" 2015 - detentores de títulos de dívida com vencimento em 2015 - e dos bancos que fizeram operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) com o Independência, atualmente em processo de recuperação judicial.
Por lei, esses credores não estariam sujeitos ao plano de recuperação, sendo incluídos no grupo de credores extrajudiciais.
Proposta. Em abril, o JBS havia feito uma proposta de compra dos ativos do Independência por R$ 268 milhões, condicionando a operação à aprovação dos credores da empresa.
A oferta foi aprovada por mais de 85% dos credores judiciais incluídos no plano de recuperação do Independência durante assembleia realizada em maio, a segunda para avaliar a questão.
A incorporação dos ativos poderá agregar R$ 1,75 bilhão ao faturamento operacional do JBS, segundo a fonte. Em 2011, o conglomerado teve faturamento de quase R$ 62 bilhões.
A expansão viria num momento importante para a companhia, que também tem operações relevantes nos EUA, onde o rebanho atingiu seu menor nível em mais de meia década, aumentando os custos da indústria.
O frigorífico Independência já foi um dos maiores do País, mas entrou em recuperação judicial em 2009, em decorrência da crise da economia global iniciada no ano anterior.
Credores. Apesar da aprovação, a proposta não foi bem recebida por alguns dos credores judiciais à época, porque prevê um deságio de 98% no pagamento das dívidas do Independência, ou seja, o equivalente a apenas 2% do valor devido.
"Mesmo com a aprovação dos credores concursais, dois ou três deste universo, que ficaram inconformados com o valor da proposta oferecida (pelo JBS), fizeram agravo de instrumento reclamando de pouco pagamento", disse uma outra fonte que acompanha a negociação.
Para os credores extrajudiciais, a fonte próxima do JBS explicou que o deságio deve ser menor, podendo ficar ao redor de 94% ou 95%.
Segundo essas duas fontes, a expectativa é que a definição da Justiça sobre o questionamento dos credores descontentes saia num prazo curto, como normalmente ocorre em casos como este, de recuperação judicial.
Uma terceira fonte consultada, próxima ao JBS e que também acompanha a negociação, considera que este negócio poderá ser concluído até o final deste ano. Procurado, o JBS não comentou o assunto.
Banco de fomento. Do lado do JBS, para ser concluída, a operação ainda depende do aval do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos maiores acionistas da companhia, com fatia perto de 30% após uma série de investimentos realizados no processo de internacionalização do conglomerado de carnes.
Segundo uma das fontes, essa avaliação poderá ocorrer na reunião de conselho que antecede a divulgação do resultado trimestral. "Mas nada impede que seja convocada uma reunião extraordinária para avaliar a questão", afirmou.
Os ativos considerados na compra incluem: quatro unidades frigoríficas, em Nova Andradina (MS), Campo Grande (MS), Senador Canedo (GO) e Rolim de Moura (RO); dois curtumes em Nova Andradina e Colorado D'Oeste (RO); e dois centros de distribuição e armazéns em Cajamar e Santos (SP). O pacote inclui ainda todas as marcas pertencentes ao grupo Independência.
Veículo: O Estado de S.Paulo