Pirelli muda para crescer no varejo

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A Pirelli acaba de implementar uma nova estrutura organizacional para coordenar o desenvolvimento dos negócios de varejo no Brasil. No rearranjo, a figura do diretor-executivo (CEO, na sigla em inglês) dá lugar a dois novos cargos: um de diretor de operações, encarregado das atividades industriais, e outro de presidente da rede de revendas, dedicado apenas às atividades ligadas às lojas de pneus.

A mudança na organização acontece no momento em que a Pirelli busca reforçar sua atuação direta no varejo, com a compra em abril da rede de lojas Campneus, sediada em Campinas.

Mauro Pessi, que atuava como diretor-executivo, assume na nova estrutura a presidência da Pneuac, o braço da Pirelli na distribuição. Caberá a ele não só coordenar a integração da Campneus como também comandar novas aquisições planejadas pela empresa.

Já para o posto de diretor de operações, a Pirelli contratou o executivo italiano Gianfranco Sgrò, que chega à empresa após cargos de comando em companhias de logística: presidiu as operações no Sul da Europa, Oriente Médio e África da Ceva Logistics e chegou a assumir a direção dos negócios na Itália e América do Sul do grupo TNT entre 2003 e 2006.

Sgrò assume agora a missão de gerenciar as cinco fábricas da Pirelli no Brasil, além das outras duas unidades na Argentina e na Venezuela. "Chamaria isso de uma reorganização funcional à recente estratégia da Pirelli", diz Paolo Dal Pino, o presidente da filial na América Latina ao se referir à investida do grupo italiano no varejo brasileiro.

"Independente de potenciais outras aquisições, nossa rede (de revendas) já ficou bastante complexa", acrescenta o executivo, que está à frente das mudanças.

Depois da compra de 54 lojas da Campneus, a Pirelli passou a ter 102 lojas próprias no Brasil, dentro de um universo de aproximadamente 550 revendedores exclusivos da marca. Tanto Pessi como Gianfranco Sgrò vão se reportar diretamente a Dal Pino.

O objetivo com o projeto no varejo, segundo a empresa, é se aproximar do consumidor e acompanhar a transformação dos canais de distribuição no mercado brasileiro. Dados da Anip, a entidade que abriga os fabricantes nacionais de pneumáticos, mostram que o canal de reposição é responsável por 44,5% das vendas de pneus no Brasil - mais do que os 31,6% referentes aos volumes consumidos pelas montadoras e do que os 23,9% das exportações.

A América do Sul, onde o Brasil corresponde ao mercado mais relevante, responde por cerca de um terço do faturamento da Pirelli no mundo, que somou € 5,6 bilhões no ano passado. "É uma área onde a Pirelli é líder e isso não acontece em outros mercados", diz Dal Pino, ao tentar dar a dimensão da importância do país aos negócios do grupo.

O programa de investimentos conduzido no Brasil desde o ano passado prevê desembolsos de US$ 500 milhões até 2014, o que inclui recursos destinados à modernização fabril, pesquisa e desenvolvimento, além de um novo campo de provas em Elias Fausto, no interior paulista.

Além dos números financeiros, o Brasil será celebrado em um dos produtos mais conhecidos da marca, embora sem finalidade comercial: o Calendário Pirelli. O Rio de Janeiro foi escolhido como cenário do calendário de 2013, a ser lançado mundialmente no dia 27 de novembro. As fotos foram feitas por Steve McCurry - o mesmo autor do celebre retrato da garota afegã publicada na capa da revista National Geographic em junho de 1985. Todos os anos, a empresa distribui gratuitamente cerca de 20 mil exemplares do calendário.

"A decisão de lançar o calendário no Brasil foi tomada para homenagear o país, que passou por uma transformação social impressionante", explica Dal Pino.

Segundo ele, os negócios no Brasil - principal mercado do grupo mundo - vão bem, mas em um ambiente mais desafiador do que no passado, tendo em vista a crescente presença de produtos importados.

Na visão do executivo, as últimas medidas do governo - como desoneração da folha de pagamento e a majoração do imposto de importação de algumas linhas de pneus, de 16% para 25% - significam um avanço, porém insuficiente para reequilibrar a produção nacional ante os importados. Ainda falta, segundo ele, estabelecer preços de referência mínimos para as importações do produto.



Veículo: Valor Econômico


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