O primeiro passo para a Hidrovia do Mercosul poderá ser dado, amanhã e sexta-feira, na cidade uruguaia de Treinta y Tres, com uma reunião de autoridades públicas e de empresas privadas do Brasil e do Uruguai para discutir o desenvolvimento de uma hidrovia na bacia da Lagoa Mirim, projeto que se discute desde os tempos da extinta Sudesul (criada em 1967 e extinta em 1990). Os principais temas a serem debatidos pelos participantes serão a navegabilidade, os portos da região, a infraestrutura, a conectividade, o transporte, os empreendimentos públicos e privados, o desenvolvimento produtivo e a proteção ao meio ambiente. A única empresa gaúcha de navegação a participar será a Aliança.
O objetivo do seminário é propor um programa de ações, geral e setorial, para a hidrovia da Lagoa Mirim e identificar projetos que possam impulsionar seu desenvolvimento em curto e médio prazo. A participação das empresas ligadas ao setor da navegação é importante para se conhecer a realidade atual e a potencialidade da bacia e da hidrovia. A expectativa é identificar projetos prioritários e a possibilidade de financiamento para a realizá-los, além de formular uma carta com recomendações de ações públicas e privadas.
A empresa gaúcha Trevisa Investimentos, proprietária da Navegação Aliança, será representada por Fernando Ferreira Becker, que fará palestra sobre o transporte fluvial na Lagoa dos Patos e sobre a viabilidade dessa experiência ser adaptada para desenvolver o transporte hidroviário na Lagoa Mirim. A bacia da Lagoa Mirim ocupa cerca de seis milhões de hectares, distribuídos entre o Brasil e o Uruguai. Para os nossos vizinhos, é a maior reserva de água doce do país. Apesar de não ter saída direta para o mar, seu acesso pode ser feito através do Canal do São Gonçalo, em Pelotas, atingindo a Lagoa dos Patos e o porto do Rio Grande, criando, assim, uma nova rota de exportação para a produção uruguaia da região Nordeste, que fica muito distante do já congestionado porto de Montevidéu.
O encontro transfronteiriço acontece por um crescente processo de internacionalização e integração regional entre Brasil e Uruguai, que oferecem uma variada gama de opções de cooperação entre os países. Na atual conjuntura, um importante número de iniciativas, tanto de infraestrutura como de produção, serviços e ações sociais e comunitárias estão sendo implantadas entre os governos dos dois países. A nova agenda de cooperação se mobiliza em diferentes níveis de governo e, certamente, o desenvolvimento da navegação pela bacia da Lagoa Mirim vai dar maior fluidez e respostas mais rápidas às demandas locais de ambos os países.
Veículo: Jornal do Comércio - RS