Varejistas atribuem retração, que chega a 50% em relação a 2011, à crise mundial e à economia vacilante.
Apesar da constante valorização do dólar, as lojas que vendem produtos importados a R$ 1,99 sobrevivem em Belo Horizonte, ainda que o panorama do segmento não seja muito otimista. Com retração de até 50% nas vendas com relação ao ano passado, os varejistas atribuem esta queda nas vendas à crise mundial e economia vacilante. Mesmo assim, eles não desistem de seus negócios e vendem de bonés a artigos para casa.
Gerente de uma loja deste segmento localizada na região do Barreiro, Jane Silva relata que as vendas estão estáveis desde o ano passado. "Não tivemos crescimento nem queda nas vendas neste período", coloca. Para Jane Silva, a própria configuração da economia do país não permite um crescimento significativo do setor, provocando a estagnação nas vendas nos últimos doze meses. "Em anos anteriores, registramos aquecimento nas vendas, o que não tem ocorrido de 2011 para cá. Acredito que seja uma constatação de todo o comércio", diz. Para Jane Silva, os artigos mais vendidos são bijuterias e artigos para casa. "Ganhamos na quantidade de itens vendidos e aqui temos brincos, anéis, pulseiras e outras bijuterias, além de produtos para casa, que também têm boa saída", avalia.
Sócio-gerente de uma loja no centro da Capital, Alex Mariani destaca que, em um ano, os negócios tiveram queda nas vendas. "Registramos uma queda nas vendas de cerca de 50% do ano passado para este ano", revela. Para ele, os motivos para esta retração são a crise internacional e a alta taxação que o governo brasileiro tem aplicado nas mercadorias importada. "Nosso negócio depende das importações, e o governo aplica altas taxas sobre esses produtos, gerando elevação nos preços da mercadoria. Com isso, temos que repassar o aumento para o cliente, o que interfere negativamente nas vendas", afirma.
Mariani explica que os produtos que mais vendem em sua loja são mochilas, malas e calculadoras. Para ele, o governo tem beneficiado muito o setor automobilístico, em detrimento ao varejo. "As autoridades só ajudam quem vende carros", queixa-se. Sobre as expectativas para o final do ano, Mariani descreve que não tem boas perspectivas. "Os negócios estão tão ruins que estamos sem coragem de investir em novos produtos e não temos expectativas de melhora nas vendas para o final do ano", conclui.
Concorrência - Proprietário de um atacado que vende produtos a R$ 1,99 no centro de Belo Horizonte, Francisco Firmino também verificou uma retração nas vendas de seu empreendimento nos últimos meses. "Nos últimos três meses tivemos queda de aproximadamente 30% se comparado a igual período no ano passado", relata. Para Firmino, as crises mundial e nacional corroboraram para a queda nas vendas. Além disso, a grande concorrência de estabelecimentos com foco nos mesmos tipos de produtos no centro da Capital também atrapalha as vendas.
Ao contrário de Mariani, Firmino tem boas expectativas de vendas para o final do ano. "O Dia Das Crianças está próximo e, em seguida, teremos o Natal. As perspectivas para estas datas são muito boas, esperamos um acréscimo nas vendas de 50% para este período com relação ao mesmo período no ano passado", calcula. Firmino, que vende bonés e camisas em seu estabelecimento, descreve que as vendas isoladas não ajudam na receita do negócio. "Vender poucos produtos ao dia não faz muita diferença, bom é vender para empresas que compram em grandes quantidades e aumentam o faturamento mensal", pondera.
Veículo: Diário do Comércio - MG