Transportadoras revisam projeções de 2009

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As comemorações de fim de ano de transportadoras e operadoras logísticas começaram com um clima de incertezas. E como vem ocorrendo em todos os demais setores da economia, na área de transportes, os segmentos que já demonstram dificuldades, colocam em xeque investimentos futuros e falam de demissões, são os que atendem principalmente aos produtores de commodities e a indústria automobilística. 

 

Na sexta-feira, o Grupo Arex, que congrega as transportadoras Expresso Araçatuba e Golden Cargo, além da operadora logística Exata, realizou um almoço de fim de ano e apresentou seus resultados. Na Expresso Araçatuba, informou Oswaldo Castro Jr., diretor-geral do grupo, o faturamento da transportadora irá encerrar o ano entre R$ 295 milhões e R$ 300 milhões, o que significará um crescimento de 20% sobre 2007. 

 

Segundo ele, "felizmente a crise atingiu apenas dois meses do faturamento, pouco impactando no resultado anual". Mas para o ano que vem a previsão de crescimento foi revista de 15% para 7% na comparação com este ano. No caso da Exata, o resultado estimado é de R$ 80 milhões, uma alta de 32% em relação a 2007. 

 

Especializada em transportes para a região Norte do Brasil, a Expresso Araçatuba tem 70% de seu resultado relacionado a entregas de bens de consumo. O restante é dividido entre o setor automobilístico e de eletroeletrônicos. De acordo com Castro Jr., até o momento o maior impacto da crise financeira mundial em sua carteira de clientes aconteceu no transporte de autopeças para os fabricantes de motocicletas, instalados em sua grande maioria em Manaus (AM). 

 

Mesmo sem ter elaborado um levantamento sobre os efeitos da crise no setor, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), já foi notificada de demissões em algumas empresas. "O volume de cargas fracionadas ainda não sentiu uma redução significativa, mas quem está atrelado à indústria automobilística a aos produtores de minérios está bastante preocupado", afirmou Flávio Benatti, presidente da NTC. 

 

Segundo ele, ainda não é possível saber ao certo quantos cortes foram ou serão realizados. Mas "assim como nas montadoras, os transportadores também vão utilizar bancos de horas e férias para evitar cortes". E acrescentou: "Por isso o primeiro trimestre de 2009 será tão importante". 

 

Com opinião semelhante sobre o início do ano que vem, mas já contando com um cenário mais pessimista do que o traçado na última semana pela indústria automobilística, Caio Corrêa Najm, diretor-geral da Ryder no Brasil, torce para que o mercado se estabilize no patamar de 2007, quando produziu 2,98 milhões de unidades no país. "O primeiro trimestre será um divisor de águas. Nos últimos dois meses, o volume de viagens caiu pela metade", declarou Najm. 

 

A Ryder faz o chamado transporte dedicado entre o Brasil e a Argentina para as principais montadoras presentes no país. No ano passado, a empresa realizou 22 mil viagens. 

 

Fernando Simões, vice-presidente do Grupo Julio Simões, acredita que o mercado de veículos no país em 2009 deverá ficar mesmo entre os patamares deste ano e do ano passado. Para o executivo, talvez o patamar de 2007 seja o ideal para que a indústria e seus fornecedores se organizem para um crescimento maior no futuro. "Todos gostam de vender muito, mas não estávamos mais com uma produção saudável", declarou. 

 

E é ai que entra a importância da logística, na opinião de Simões, pois as empresas buscam reduções de custos justamente na otimização de sua logística. 

 

Na Panalpina, empresa de logística suiça, Luigi González, diretor-geral no Brasil, diz que os valores dos contratos devem ser reduzidos, mas em compensação existe a perspectiva de novos negócios, independente da crise financeira. "Vai ter impacto em volume, mas em termos de procura por serviços haverá crescimento", acredita. 

 

Veículo: Valor Econômico


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