Mau tempo dificulta descarga em Tramandaí, e Refap não recebe todo o petróleo necessário para abastecimento do mercado
A combinação de mau tempo, aumento da demanda e produção limitada provocam problemas de abastecimento de gasolina no Rio Grande do Sul. Com estoques reduzidos em postos de combustíveis, as distribuidoras estão buscando o produto em Santa Catarina e no Paraná.
Segundo a Petrobras, está havendo "condições climáticas desfavoráveis para amarração de navios e descarga de matéria-prima no terminal marítimo de Tramandaí”. Desde a semana passada, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, que abastece 80% do mercado gaúcho, está com a produção reduzida devido à escassez de petróleo trazido de fora.
A falta de matéria-prima foi gerada pelo mau tempo na costa, que impossibilitou que navios petroleiros se conectassem à monoboia da Petrobras, em Tramandaí. Fontes ligadas à estatal explicam que a operação não é indicada em dias de ressaca pelo risco de rompimento do mangote que faz o transbordo, com ameaça de vazamento no mar.
Para o engenheiro civil Rogério Maestri, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, problemas dessa natureza costumam ser causados pela impossibilidade do barco que faz a conexão entre a boia e o navio sair da costa.
– Esse é um problema antigo. A Petrobras chegou a encomendar estudos da universidade para ampliar os molhes de Tramandaí e Imbé, mas o projeto não saiu do papel – lembra o professor.
A situação é agravada pelo aumento de consumo de gasolina no Rio Grande do Sul, de 8% neste ano, acrescenta Edson Silva, coordenador do escritório regional sul da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
– Há cinco dias a Refap não está conseguindo processar todo o petróleo necessário para abastecer o mercado – afirma Silva.
O resultado do atraso nas entregas são postos de combustíveis operando com estoques no limite e até mesmo desabastecimento. Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no RS (Sulpetro), Adão Oliveira, o problema afeta especialmente postos independentes, os chamados bandeira branca, mas inclui os vinculados a grandes distribuidoras. Oliveira relata que pelo menos seis estabelecimentos no Estado ficaram sem combustível desde o fim de semana.
Gerente de um posto da distribuidora Ipiranga em Porto Alegre, Tiago Anselmi conta que tem recebido volume de gasolina abaixo do pedido, o que tem provocado escassez temporária ao longo de alguns dias.
– Pedi carga de 20 mil litros e recebi apenas 5 mil – diz Anselmi, cujo posto tem consumo de 10 mil litros diários.
Para reduzir o impacto, a Petrobras autorizou as distribuidoras a buscarem gasolina na Repar, no Paraná. Caso a situação se agrave nos próximos dias – hipótese que não está fora de cenário –, a Refap poderá importar gasolina por meio de navios que atraquem em Rio Grande. Os custos extras das distribuidoras deverão ser assumidos pela Refap.
– Por isso, não há justificativa para aumento de preço aos consumidores – garante Alísio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).
Veículo: Zero Hora - RS