McCain estuda fábrica no Brasil

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A líder mundial de batatas pré-fritas congeladas, a canadense McCain, estuda instalar uma fábrica no Brasil. Hoje a empresa - que atende no país grandes redes como McDonald's, Giraffas, Outback e América - importa o produto de uma das suas 50 fábricas no mundo, especialmente da Argentina. Mas o potencial de crescimento do mercado brasileiro, aliado aos recentes transtornos com as barreiras de importação da Argentina, animaram a empresa a considerar a instalação de uma unidade fabril no país.

"Ter uma fábrica no Brasil é fundamental para atingirmos nossa meta, de dobrar de tamanho em cinco anos", diz a diretora de marketing da McCain Brasil, Graziela Vitiello. Segundo ela, a empresa já começou a desenvolver sementes de batata, próprias para a versão pré-frita congelada, com agricultores do Paraná, Minas Gerais e Bahia - Estados que são os principais produtores do tubérculo no país. "É preciso trabalhar a semente dois anos antes da colheita, para encontrar a variedade certa do nosso produto", diz.

O Brasil ainda não está entre os mercados "top 10" da multinacional canadense mas, ao lado de México, China, Índia e Rússia, o país se tornou prioridade para a companhia, afirma a executiva. "Nosso maior mercado é o europeu, onde a população é tradicional consumidora de batatas, mas lá a economia está muito fragilizada", diz Graziela. "Outro grande mercado é a América do Norte, mas já está desenvolvido e vem apresentando baixos índices de crescimento".

Dona de um faturamento global de US$ 6 bilhões, a McCain aumentou o seu poderio no mercado esta semana, ao anunciar a compra da divisão de batatas da PinguinLutosa, por US$ 290 milhões. A fabricante belga é dona de 17 unidades de produção em seis países da Europa e também atua no mercado brasileiro com importação. No exercício encerrado em 31 de março de 2012, a PinguinLutosa registrou faturamento de US$ 1 bilhão.

No Brasil, o mercado de batata pré-frita congelada movimenta cerca de R$ 1 bilhão ao ano, o equivalente a 300 mil toneladas. Desse total, 85% são consumidas pelo setor de alimentação fora do lar ("food service"). A McCain é líder também no Brasil, seguida pela holandesa Farm Frites.

Entre maio e junho, as fabricantes estrangeiras que atuam no país foram prejudicadas pela disputa comercial entre Brasil e Argentina. Em maio, o governo brasileiro passou a exigir licença de importação para dez produtos argentinos, entre eles, a batata, como retaliação às barreiras sofridas por itens brasileiros no mercado argentino.

"Procuramos contornar o problema a partir dos nossos estoques e da importação de batatas de outros países, como Canadá e Estados Unidos mas, mesmo assim, chegamos a perder 40% das vendas no período", diz Graziela.

Com o impasse entre Brasil e Argentina, fabricantes brasileiros, como a Bem Brasil, ganharam espaço. A companhia aumentou em 5% a sua previsão de vendas em 2012, para R$ 215 milhões, por conta do aumento das encomendas de redes de "fast-food", a exemplo do Burger King, que precisaram fazer compras emergenciais para abastecer as cerca de 200 lojas no país. Com faturamento de R$ 164 milhões em 2011, a Bem Brasil também fornece batata pré-frita congelada para as marcas Sadia, Swift, Aurora e para as redes Makro e Carrefour.



Veículo: Valor Econômico


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