Produtividade, antes estimada em três toneladas, agora é de 1,6 tonelada/hectare
As consequências das geadas, chuvas e granizo que aconteceram no final de setembro e início de outubro no Rio Grande do Sul começam a aparecer com mais nitidez nas lavouras de trigo afetadas pelos fenômenos climáticos. Conforme a Emater-RS, em algumas áreas, os triticultores nem farão a colheita, pois a qualidade do grão não atinge um mínimo aceitável, o que não compensa os custos de retirada do produto.
Conforme o engenheiro-agrônomo Cláudio Dóro, da Emater-RS, as áreas mais prejudicadas estão nas regiões do Planalto Médio e Missões, que são exatamente as principais zonas produtoras de trigo no Estado. “Lavouras plantadas na segunda quinzena de junho e localizadas em áreas mais baixas foram as que mais sofreram, porque estavam exatamente no período de floração e enchimento de grãos e ficaram mais tempo expostas à geada.”
Atualmente, a cultura avança nas fases de maturação e colheita. A produtividade média está em torno de 1,4 a 1,6 tonelada por hectare de boa qualidade comercial. No entanto, há perspectivas de redução dessa produtividade em algumas áreas, em decorrência das condições meteorológicas anteriores, e que deverão ser observadas mais no final da safra. “Até o dia 25 de setembro trabalhávamos com a expectativa de atingir uma média de três mil quilos por hectare no Estado. Hoje, com os efeitos da geada e do tempo chuvoso de outubro, quem colher 1,5 mil quilos por hectare terá conseguido uma marca muito boa”, afirma Dóro.
Nas áreas onde a colheita do trigo está sendo realizada, os rendimentos obtidos estão abaixo do desejado, não agradando aos produtores. Com 22% da área semeada no Estado já colhida, os agricultores já estão revendo as atuais projeções de safra. “Nossa previsão inicial, na época do plantio, era de 2,7 milhões de toneladas. Depois dos problemas climáticos, reduzimos esse número para 2,2 milhões. Hoje, acredito que se chegarmos a 2 milhões será uma estimativa otimista”, aponta Hamilton Jardim, presidente da Comissão do Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A redução da qualidade do grão, provocada pelas chuvas do último mês, também tem reflexos no bolso do produtor. “Se o clima tivesse contribuído, poderíamos vender tranquilamente a saca de 60 quilos por R$ 35,00. Mas hoje muitos já comercializam a R$ 25,00 a saca, e o valor pode cair ainda mais”, alerta Jardim. Conforme a Emater-RS, atualmente a saca de 60 quilos está cotada, em média, a R$ 29,92 para o produtor no Estado.
Veículo: Jornal do Comércio - RS