A Sonae Sierra Brasil, empresa controlada pela Sonae Sierra, de Portugal, e DDR, dos Estados Unidos, vendeu a sua participação em três shoppings no Brasil. Segundo comunicado ao mercado feito na noite de ontem, foram vendidos 51% do Shopping Penha, a participação de 30% no Tivoli Shopping e a parcela de 10,4% no Pátio Brasil Shopping pelo total de R$ 212,9 milhões. "Em nossa visão, estes três shoppings eram marginalmente relevantes a nosso portfólio e a nossa estratégia como um todo", informa o grupo em nota.
A "cap rate" (taxa de capitalização) consolidada dessas transações foi de 8,5%. Nas últimas aquisições realizadas no mercado, esse indicador tem ficado entre 8% e 9%. O portfólio da Sonae Sierra Brasil passa de 11 empreendimentos para 8 (há outros dois em construção), mas apesar dessa redução, a empresa afirma que o plano do grupo é de expansão dos investimentos no país. Segundo José Manuel Baeta Tomás, presidente da companhia, os recursos da venda das participações devem ir para o caixa da empresa e serão aplicados em projetos "greenfield" (construídos do zero) e na aquisição de novos shoppings.
"Estamos em conversas [para aquisições]que ainda não podemos antecipar. E esses recursos fortalecem mais nossa posição na busca desses ativos. A questão é que no Brasil, um bom shopping é vendido em dez minutos. Também precisamos ser ágeis nessas negociações", afirmou ontem Tomás. A empresa somava R$ 571 milhões em caixa ao fim de setembro, R$ 64,2 milhões a menos que o apurado em junho por conta de investimentos feitos em dois shoppings em construção.
As participações no Shopping Penha, em São Paulo, e Tivoli Shopping, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), foram negociadas com o CSHG Brasil Shopping FII, fundo administrado pelo Credit Suisse Hedging-Griffo. Já a fatia no Pátio Brasil, de Brasília, foi adquirida pelo grupo controlador do shopping, a família Bacarat.
A parcela da Sonae no Shopping Penha foi vendida por R$ 131,2 milhões e no Tivoli, por R$ 45,6 milhões. A Sonae Sierra Brasil continuará a prestar serviços de administração e comercialização para os Shopping Penha e para o Tivoli por, no mínimo, cinco anos e três anos, respectivamente.
Já no caso do Pátio Brasil, da família Bacarat, a Sonae fica na gestão do empreendimento apenas até o fim do ano. "Não houve acordo [com os controladores]", disse Tomás. O valor da venda dos 10,4% de participação no Pátio Brasil foi de R$ 36,1 milhões. Os três shoppings representavam 24,7 mil m2 de área bruta locável própria, menos de 10% da área total da Sonae.
De acordo com Tomás, a decisão de se desfazer dos negócios foi tomada após uma avaliação anual das estimativas de retornos da carteira de shoppings da empresa. "Quando há uma situação concorrencial mais difícil, e negócios em que há uma geração de valor menor, então é preciso fazer algo, e fizemos". As vendas no Shopping Penha cresceram 9% de janeiro a setembro (abaixo da média de 15% da carteira da Sonae) e no Tivoli, 9,8%. Já no Pátio Brasil, houve leve queda de 0,1% no mesmo período.
A Sonae Sierra publicou ontem os resultados do terceiro trimestre, com lucro de R$ 29,3 milhões, 50% abaixo do apurado um ano antes. A soma diz respeito ao lucro atribuível aos acionistas controladores da companhia. Boa parte da redução é explicada por uma mudança no critério de avaliação do valor justo das propriedades. Até o ano passado, esse valor era reavaliado trimestralmente e, neste ano, a reavaliação passou a ser semestral. Com isso, no terceiro trimestre, não houve ganhos contábeis com a reavaliação.
Veículo: Valor Econômico