Marisa vai buscar mais margem em 2013

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Há duas décadas como presidente da Marisa, Marcio Goldfarb, de 59 anos, vai entregar o comando executivo da varejista da moda no ano que vem com tarefas muitas cumpridas e alguns desafios importantes pela frente.

De um ano pra cá, a companhia enxugou despesas e passou a vender calçados, roupa de tamanhos especiais e moda "office" - de roupas de tecidos planos para trabalho - em várias lojas. Em paralelo, otimizou a área de vendas de 260 unidades, em parceria com a Bain & Company. Produtos com melhor performance ganharam mais espaço nas araras e vitrines.

O conjunto de iniciativas resultou no aumento de vendas por metro quadrado, o agradou os investidores. No ano, as ações da Marisa sobem mais de 80%, enquanto a bolsa cai 2,5%.

Apesar disso, no que diz respeito sua eficiência operacional, a Marisa ainda tem uma missão no meio do caminho: diminuir as remarcações de preços.

Para Goldfarb, o cenário conspira a favor da companhia. "Nos últimos três anos, o brasileiro realizou alguns sonhos. Comprou carro, eletrodomésticos, apartamento. Agora é a vez da moda", afirma.

No entanto, o executivo sabe que juros em queda e retomada do consumo não são suficientes para garantir bons resultados. "Nada é fácil. Você ainda precisa ter preço competitivo, campanha certa, coleção certa", diz Goldfarb.

Se por um lado ajudou a alavancar as vendas no último ano, a estratégia promocional da Marisa tem comprimido sua margem bruta. Somente considerando a operação de varejo da empresa, o indicador recuou 2,6 pontos percentuais no terceiro trimestre em relação a um ano antes. Foi um dos poucos, senão o único, destaque negativo do balanço da empresa.

Diminuir as remarcações, na prática, significa mexer com a cadeia de abastecimento das lojas. Os produtos têm que chegar na quantidade exata para que não haja sobras, fórmula de sucesso da Zara, da espanhola Inditex, perseguida hoje por praticamente todas as grande varejistas de moda.

A teoria é simples. A execução, nem tanto. No ano passado, a própria Marisa enfrentou problemas de gestão de estoque. Com objetivo de solucioná-los, a empresa lançou o projeto "Mais pela margem", que acabou ficando um pouco de lado em 2012, diz Goldfarb. No ano que vem, no entanto, será prioridade.

Além de colher os frutos da implantação de sistemas de tecnologia da informação mais eficientes, a varejista mudará o modelo de operação dos seus centros de distribuição a partir de abril. Goldfarb prefere não detalhar as mudanças, mas garante que 2013 será "um ano de mais equilíbrio entre vendas e margens".

Até dezembro, a Marisa alcançará 369 unidades em todo Brasil. Na próxima reunião de conselho, a diretoria da empresa vai submeter a proposta de abrir mais 50 lojas em 2013, das quais 28 no formato "ampliada" (que também vende moda masculina), 14 no modelo "feminina", e oito no formato "lingerie", adianta Goldfard.

A saída do empresário do comando da empresa também deve ser discutida na reunião. Segundo as regras do Novo Mercado, nível mais alto de governança da bolsa brasileira, uma mesma pessoa não pode acumular a presidência-executiva e do conselho de administração, como hoje é o caso de Goldfarb. Ele pretende ficar apenas no comando do conselho no próximo ano, mas ainda está indefinido quem assumirá a liderança das operações.

Outro projeto que também ficou para 2013 é a redução das taxas de juros da operação de crédito da Marisa, que seguirá um movimento iniciado este ano pela C&A e Renner.

O espaço para cortar as taxas já foi aberto. "Os níveis de inadimplência estão bastante controlados", diz Goldfarb.

Atualmente, o resultado de serviços financeiros da Marisa representa entre 30% e 40% do Ebitda consolidado da companhia. A fatia é relevante - até mais do que em outras concorrentes listadas -, e a Marisa ainda estuda em que medida fará a redução dos juros cobrados no rotativo do seu cartão, nas operações de empréstimo pessoal e nas vendas parceladas.



Veículo: Valor Econômico


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