Está buscando emprego? Porte-se bem on-line

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Fotos de bebedeiras em festas. Piadas grosseiras. Linguagem chula. Qualquer empregador que utilize as redes sociais para pesquisar candidatos a um cargo já deve estar acostumado a dar de cara com indiscrições desse tipo.

A internet oferece às empresas uma mina de ouro de informações sobre possíveis contratados - e muitas delas não contribuem para uma boa primeira impressão. Mas como as redes sociais são cada vez mais populares, o desafio para o empregador é decidir quais gafes são aceitáveis e quais são decisivas para riscar um candidato da lista.

Embora as empresas tenham mostrado cautela ao recorrer à internet como ferramenta de pesquisa, um estudo recente da CareerBuilder concluiu que duas em cada cinco empresas já usam sites de redes sociais como LinkedIn, Facebook, MySpace e Twitter para selecionar candidatos. A maioria procura ver se o candidato parece profissional e se vai se adaptar bem à cultura da empresa, segundo a pesquisa, que entrevistou 2.000 gerentes de contratação e profissionais de recursos humanos.

O hábito de verificar os antecedentes do candidato nas redes sociais já gerou toda uma série de novos impedimentos às contratações, segundo especialistas em carreira. Antigamente, os erros de ortografia e gramática no currículo podiam excluir o candidato; agora os recrutadores podem perdoar um erro de digitação muito mais facilmente do que, digamos, falar mal de um empregador no Facebook, diz Donna Weiss, diretora administrativa da Corporate Executive Board, firma de pesquisas e consultoria.

De fato, 44% dos recrutadores disseram que falar mal de um empregador em uma rede social já basta para botar o currículo do candidato na lata do lixo, segundo um estudo da Corporate Executive Board feito com 215 recrutadores no início do ano. Apenas 26% disseram que sentem a mesma rejeição quanto a um erro de digitação no currículo. A linguagem inadequada foi considerada imperdoável por 30% dos entrevistados; 17% julgavam indesculpável o excesso de informações pessoais.

As empresas também estão usando as redes sociais para perceber pistas mais sutis sobre o estilo de trabalho dos candidatos e usando essas informações para definir se um candidato vai se encaixar bem na empresa. Pete Maulik, diretor de estratégia na Fahrenheit 212, consultoria nova-iorquina de inovação, diz que no ano passado estava perto de contratar um candidato "excelente", quando decidiu verificar o perfil dele no LinkedIn como precaução final. Foi quando percebeu que o candidato provavelmente não trabalhava bem em equipe, diz ele.

"Ele se atribuía o crédito por tudo no mundo, excetuando a cisão do átomo", diz Maulik. "Tudo no currículo era na base do 'Eu fiz isso'. Parecia um tipo de lobo solitário. Fazia tudo sozinho."

Outro candidato promissor usou sua conta no Twitter para depreciar todas as inovações no mercado, recorda ele. "Uma tendência preocupante foi aparecendo", diz ele. "Ficou claro que ele se sentia muito mais à vontade criticando do que colaborando de forma criativa", disse Maulik.

A empresa não contratou nenhum dos dois candidatos, diz ele.

Também a ProProfs, firma da Califórnia especializada em ferramentas on-line para testes, estava quase contratando um redator freelance quando uma pesquisa no LinkedIn mostrou que o candidato já fazia trabalhos freelance para outra empresa, diz o diretor-presidente Sameer Bhatia. Quando confrontado, o candidato confessou que havia omitido esse detalhe, dizendo que o empregador atual exigia exclusividade.

"Vimos isso como um sinal de desonestidade e falta de lealdade", disse Bhatia, acrescentando que a empresa terminou não contratando o redator.

Se alguns empregadores podem estar dispostos a ignorar uma foto mostrando um momento de farra com amigos, ou um tweet com linguagem vulgar, é evidente que qualquer informação na rede vinculando o candidato a atividades ilícitas, como dirigir alcoolizado ou usar drogas ilegais, ou ainda ter um comportamento racista ou sexista, não vai cair nada bem.

Mas o surpreende é que alguns candidatos a emprego ainda não assimilaram essa mensagem, dizem os recrutadores.

Max Drucker, diretor-presidente da Social Intelligence Corp, firma que faz averiguações de candidatos para clientes corporativos, estima que de 5% a 10% das verificações na internet revelam sinais de perigo, embora cada candidato deva dar o seu consentimento antes que essa pesquisa seja feita. "Não dá para acreditar nas coisas que nós vemos", diz ele. "É incrível a quantidade de pessoas que ainda mantêm seus perfis no Facebook visíveis para todo o público."

Os jovens na faixa dos 20 e 30 anos, em particular, são vulneráveis a esses erros, porque têm uma presença maior nas redes sociais e cresceram compartilhando seus pensamentos e sentimentos on-line.

Muitos podem estar dispostos a adicionar seus superiores e colegas como amigos no Facebook, mas não têm experiência de trabalho suficiente para compreender que certos comportamentos são inadequados para o público profissional, diz Brendan Wallace, diretor-presidente da Identified, site de relacionamento social para jovens trabalhadores.

"A identidade que eles elaboraram nas redes sociais nunca foi criada tendo em mente um emprego como objetivo final", diz Wallace.

E algumas empresas relutam em fazer pesquisas nas redes sociais como parte do processo de contratação, acreditando que os aspectos negativos superam os positivos.

"É muito difícil nos defender quando rejeitamos um candidato", diz Neil Sims, diretor-gerente da Boyden, firma de recrutamento de executivos.

Certamente, ao pesquisar na internet o empregador se expõe a todo tipo de informações que não podem ser levadas em conta, legalmente, no processo de contratação, tais como religião, raça, sexo e estado de saúde, diz Drucker, da Social Intelligence. Alguns fatores poderiam influenciar a decisão do empregador, mesmo que apenas inconscientemente. Pode ser difícil contratar uma mulher grávida, por exemplo, sabendo que ela, sem dúvida, vai pedir em breve uma licença maternidade, diz ele.

Mesmo assim, com tantas informações disponíveis on-line nos dias de hoje, quando se trata de pesquisar os candidatos nas redes sociais, não há muita saída. "Os empregadores acabam frustrados quer verifiquem, quer não", diz Drucker



Veículo: Valor Econômico


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