Embarques de café caem 10% e produtores enfrentam custo

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As exportações brasileiras de café encolheram cerca de 10% até outubro, em relação ao mesmo período de 2011. O total de embarques ficou abaixo de 25 milhões de sacas (60 quilos) no acumulado atual, ante 27,3 milhões no último ano. O número será divulgado hoje pelo Cecafé.

O baixo nível de comercialização, acrescido de uma contraposição entre custos (em alta) e preços (em queda), tem deixado produtores apreensivos, segundo o líder da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), Nivaldo de Mello.

Na região de atuação da empresa, que envolve quatro cidades mineiras, os agricultores têm recebido cerca de R$ 350 por saca de café, enquanto recebiam, no mesmo período do ano passado, R$ 520, uma diferença de 33% a menos, de acordo com Mello.

"A comercialização caiu muito lá fora", diz o representante, para quem "faltou dinheiro, os bancos pararam de financiar os importadores e ninguém mais formas estoque". Os 4.200 cafeicultores ligados à Cocatrel estão enfrentando custos produtivos, em média, 20% maiores do que nesse mesmo período de 2011. "Quem fez financiamento para plantar café, no ano passado, está tomando prejuízo", afirma Mello. Na cooperativa, a saca chega a valer R$ 170 a menos do que foi emprestado para produzi-la.

Para o presidente da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais de Café e Leite (Sincal), Armando Matielle, a desvalorização do grão é agravada por questões internacionais.
Responsável por mais da metade da oferta mundial, a cafeicultura brasileira produz 90% de café "natural", que não tem classificação na Bolsa de Nova York e perde valor para o tipo "lavado".

"A Colômbia e outros países de café 'lavado' são apoiados por tradings e subjugam o café 'natural, dizendo que o 'lavado' é melhor", diz Matielle. "Nosso preço sempre é colocado até US$ 0,4 por libra-peso abaixo do outro", acrescenta o produtor.

Entretanto, o principal motivo para as quedas de preço neste ano é a qualidade do produto, afetada pelas chuvas. Em junho, nas principais regiões produtoras de São Paulo e Minas Gerais choveu, em média, 140 milímetros, segundo Matielle.

"A qualidade do café brasileiro piorou muito. E há alta incidência de fungos nocivos à saúde", afirma o líder da Sincal, que congrega 40 sindicatos e declara representar 40% da cafeicultura nacional.

O café desvalorizou-se no mercado internacional e perdeu preço também no Brasil, numa variação negativa de 10% (tipo arábica), em meados de agosto - como resultado do clima.
Depois de um período prolongado de chuvas nas principais regiões produtoras de café do País, que é o maior fornecedor mundial do grão e deve exportar 29 milhões de sacas neste ano, os cafeicultores intensificaram, entre o fim de julho e o início de agosto, a colheita do grão.

Má qualidade cativa

A Sincal contesta as projeções de safra divulgadas pelos órgãos oficiais (de acordo com as quais o Brasil deve produzir mais de 50 milhões de sacas neste ano). E diz que, das dezenove milhões de sacas consumidas internamente no País, apenas algo em torno de dois milhões é do tipo arábica.

"O café que estamos bebendo no mercado interno é de péssima qualidade", afirma o presidente da associação. Segundo Matielli, cinco milhões de sacas que ficam no Brasil podem ser classificadas como PVA (café preto, verde e ardido), do pior tipo. E doze milhões seriam do tipo robusta.

A organização sindical estima que a safra será de 48 milhões de sacas para este ano e de 42 milhões no ano que vem, que é de sazonalidade baixa. "São os números que correm no mercado. Pouco confiáveis, mas os únicos à disposição."



Veículo: DCI


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