O setor têxtil mineiro deve sentir de maneira branda os impactos da desaceleração econômica tanto em 2008 quanto no próximo ano. A previsão é que as empresas do segmento sejam beneficiadas pela valorização do dólar frente ao real, que faz com que a oferta de produtos importados em território brasileiro seja reduzida. Além disso, o consumo deve ser mantido, pois não depende de financiamento.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de Minas Gerais (Sif-MG), Adelmo Percope Gonçalves, o setor não deve passar ileso à crise, pois a economia de uma forma geral vai sofrer desaceleração. No entanto, o segmento será um dos com menores danos pois tem boas condições de se destacar diante da atual conjuntura econômica.
Segundo o dirigente, normalmente dezembro é o pior mês para a indústria, pois o varejo forma os estoques para o Natal antecipadamente e o volume de vendas cai drasticamente. Algumas empresas estão dando férias coletivas, mas este movimento é considerado normal para o período e não tem relação com a diminuição do ritmo de produção verificado no setor produtivo brasileiro.
A tendência é que a partir do primeiro trimestre de 2009 o setor consiga avaliar como será o ritmo de produção do exercício. Para Gonçalves, o segmento deve acompanhar a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), que segundo especialistas deve crescer entre 2,5% e 3% no próximo ano. Até o momento as empresas do setor mantêm o volume de produção sem previsão de realizar nenhuma redução a partir de janeiro.
Crédito escasso - Com a escassez de oferta de crédito o presidente da entidade afirmou que o setor pode até ser beneficiado. "As pessoas não vão mais compremeter tanto da renda com a compra de eletrodomésticos e automóveis. Agora deve sobrar mais dinheiro para a aquisição de bens de valor agregado mais baixos, como é o caso das roupas", disse.
Na Estamparia S/A, fábrica de produtos para cama e mesa localizada em Contagem (RMBH), a expectativa para os negócios é positiva. De acordo com o diretor Comercial, Sérgio Mascarenhas Martins da Costa, a previsão é que neste ano seja observado um crescimento entre 6% e 7% frente o ano anterior.
Segundo o executivo, depois que a crise foi intensificada, em meados de setembro, a expectativa era que os negócios fossem afetados, mas isso acabou não acontecendo. A empresa possui um "plano B" que deve ser colocado em prática caso a situação seja modificada para o pior. No entanto, como os negócios estão correndo bem até o momento a alternativa não deve ser utilizada.
Costa afirmou que antes da crise o setor sofria com a concorrência com produtos trazidos da China e do Paquistão. A previsão é que a disputa no mercado interno seja feita de maneira mais tranqüila a partir de agora. A empresa tem como prática o investimento anual de cerca de R$ 5 milhões e, até o momento, o aporte de 2009 está mantido.
Na Top Confecções, localizada em Sete Lagoas (região Central), a previsão é fechar o ano com crescimento de 20% em comparação com os resultados de 2007. O sócio-proprietário, Sebastião de Melo Pereira, espera que 2009 mantenha o mesmo ritmo de expansão, apesar da alteração do cenário econômico. De acordo com o industrial, as vendas não foram afetadas pela crise e a perspectiva é que o mesmo movimento continue a ocorrer também no próximo ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG