O agravamento da crise no mercado financeiro e a conseqüente repercussão no setor produtivo têm levado de volta ao controle do dia-a-dia das operações sócios de companhias que haviam se afastado ainda que parcialmente dos negócios.
O empresário André Biagi, por exemplo, acumulou ao seu cargo de presidente do conselho de administração do grupo Santelisa Vale, segundo maior do setor sucroalcooleiro, a função de presidente-executivo. Biagi afirmou que não quer permanecer na presidência, mas precisa de um profissional para assumir o comando com perfil mais financeiro.
Na última sexta-feira, o executivo Marco Antonio Bologna também anunciou que deixará suas funções executivas no grupo WTorre, as quais serão assumidas pelos sócios Walter Torre Júnior e Paulo Remy.
Ontem, a fabricante de bebidas Schincariol também informou o retorno de Adriano Schincariol, filho do fundador da companhia, à presidência-executiva após cerca de dois anos de profissionalização. Dessa forma, a família espera ser mais ágil nas decisões diante do momento de crise pelo qual passa a economia.
O empresário Abílio Diniz já tem experiência em ampliar a gestão familiar em momentos de crise. No final do ano passado, quando Cláudio Galeazzi assumiu a presidência do Grupo Pão de Açúcar, no lugar de Cássio Casseb, Diniz deixou claras as regras de comando da empresa. Essa foi a segunda vez que Diniz recorreu à sua própria experiência para recuperar a companhia. No final da década de 1980, quando o País entrou em crise com o endividamento externo, o grupo teve que fazer ajustes para evitar que a dívida o levasse à insolvência.
Na Sadia, após perdas de R$ 653 milhões com contratos de derivativos, Luiz Fernando Furlan, neto do fundador Atílio Fontana, resolveu voltar à companhia, após seis anos de afastamento.
"Nem sempre o melhor executivo é bom para a organização, pois, quando o assunto é empresa familiar, questões como cultura e valor pesam", explicou Domingos Ricca, da DS Consultoria.
Veículo: Gazeta Mercantil