Empresas que atuam no setor de produtos como os de cama, mesa e banho (homewear) aproveitam o setor aquecido para expandir as suas operações. Players como a Zelo e a VestCasa, ambas especialistas na comercialização desses itens, têm planos agressivos de expansão para 2013.
Em 2011, esse nicho movimentou em torno de R$ 12,7 bilhões e tem como perspectiva crescer em torno de 6,3% - em valores nominais - este ano, conforme estima o Iemi Inteligência de Mercado em conjunto com a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex).
Com 28,6 mil pontos de venda que comercializam os artigos - dos quais 2,6 mil lojas são especializadas só em homewear -, de 2007 a 2011 os empresários viram suas vendas crescer em média 10,1% e têm na indústria nacional a sua maior fornecedora, com 90,7% de participação do mercado. Mas, segundo Mauro Razuk, diretor da Zelo - importante player do setor e que também produz artigos de marca própria - , enquanto a indústria sulista costuma suprir toda a necessidade de produção e qualidade dos produtos de banho, a recíproca não é verdadeira quanto as que produzem artigos de cama. "Temos ótimos fornecedores no País, a indústria de Santa Catarina, por exemplo, supre com muita qualidade os artigos de banho. Já as que produzem itens de cama chegam a um patamar de 200 fios. Acima disso, temos de importar", explicou.
Mesmo com o impasse na aquisição de produtos que atendam aos consumidores exigentes do País, a rede, que atualmente possui 58 lojas em sete estados, das quais 10 foram inauguradas neste ano, apostou na ampliação das praças em que sua bandeira está presente. Para 2013, os planos são mais agressivos.
Segundo Razuk, a Zelo pretende encerrar o próximo ano com até 20 novas lojas próprias, o que totalizaria 78 operações apenas dentro de shopping centers (malls). Diferentemente do que ocorreu este ano, a rede expandirá e chegará ao 8 estado, estreando em Goiás.
A perspectiva maior para o próximo ano, apesar de 2012 ter sido muito significativo ao varejo em geral, segundo Razuk, é que mesmo com índices positivos de vendas, o fluxo de clientes dentro dos shopping centers foi menor. "O consumo decepcionou no segundo e terceiro trimestre, além de o inverno não ter acontecido de fato", argumentou.
Uma das formas da Zelo de se manter rentável nesse mercado competitivo - além de produtos de qualidade e preços acessíveis - é a parceria firmada com o estilista Alexandre Herchcovitch. Segundo o diretor da rede, a parceria das marcas completará 10 anos em 2013, e desde que começou, em 2003, tem índices de vendas crescentes. "No primeiro mês em que colocamos as peças assinadas pelo Alexandre Herchcovitch, vendemos 3 mil itens. Atualmente comercializamos em torno de 70 mil por mês", comentou ele.
Concorrência
Mas não é só a Zelo que tem se movimentado para pegar esse mercado promissor. Inicialmente operando como uma indústria, os irmãos Yassin viram na crise econômica de 2009 a oportunidade de ingressar no varejo. Fundaram então a VestCasa, que foi estruturada para se expandir por meio de franquias.
Com público-alvo acentuado nas classes C e D, a rede, que atualmente tem 92 pontos de venda em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília, pretende atingir todo o território brasileiro em breve. "Serão 400 as lojas até 2015, e até o final deste ano 120 unidades serão abertas", explicou Ahmad Yassin, sócio-fundador da rede.
Para atingir a meta, a VestCasa pretende estar em locais onde os grandes magazines não investem. "Como a estratégia de expansão consiste em atingir as classes C e D e atuar em lugares aonde grandes magazines não chegam, trata-se de um negócio rentável, sem concorrente direto", argumentou Yassin.
Sem revelar qual é o tíquete médio de compras, Yassin fez questão de ressaltar que vende artigos com preços bem abaixo dos dos concorrentes e tem nos artigos de cama, como fronhas, seu produto mais vendido. "O consumidor encontra fronhas na VestCasa a R$ 2,99; a mesma fronha não sai por menos de R$ 5 nas concorrentes", disse.
Salvaguarda
Com a possibilidade de a indústria têxtil conseguir impor uma salvaguarda para os produtos importados, os varejistas têm se mostrado contrários ao fato.
Mauro Razuk, diretor da Zelo, acredita que todos vão perder se a salvaguarda for aprovada pelo governo. "Não temos indústrias capacitadas o suficiente para atender algumas demandas. Dificultar a entrada de produtos importados vai prejudicar o varejo e o consumidor que não poderá ter acesso a itens de melhor qualidade", argumentou o executivo.
A opinião é compartilhada pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). Em agosto deste ano a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) entrou com pedido de investigação de salvaguarda contra os importados, para que a indústria nacional não fosse prejudicada.
Veículo: DCI