O crescimento da Springs, dona das marcas M. Martan, Artex, Santista e Casa Moysés, demandará baixo investimento daqui para frente, de acordo com o presidente da companhia, Josué Gomes da Silva. Durante reunião com analistas e investidores ontem, em São Paulo, o empresário disse ontem que a expansão da empresa ocorrerá com abertura de franquias, principalmente.
Segundo Silva, o foco no varejo "mudou a lógica do alto capital intensivo", típica de uma companhia de raiz industrial. Para ele, os principais ativos da Springs hoje são intangíveis: as suas marcas M. Martan, Casas Moysés, Artex e Santista.
Ele não informou quantas lojas a Springs pretende abrir no próximo ano - hoje são 174 da M. Martan, das quais 126 franquias, e 44 da Artex, todas próprias.
O fortalecimento da empresa no varejo especializado (com lojas monomarcas) é estratégico, uma vez que as grandes redes varejistas não têm a preocupação de agregar valor à categoria de cama, mesa e banho, disse Silva. "Com a 'comoditização' dos produtos, fica difícil fazer grandes margens", afirmou.
O empresário sinalizou um horizonte positivo para a Springs em 2013. A queda no preço do algodão, recuo da taxa de juros e fim do efeitos das operações descontinuadas (venda de ativos no Brasil e nos Estados Unidos) no balanço da companhia poderão se traduzir em melhores margens e resultados.
Em relação ao ano passado, o preço do algodão já cedeu, mas os reflexos disso na performance da Springs não apareceram com força, por enquanto, porque ainda havia estoque da commodity comprada pelo valor mais elevado. "A virada [do estoque de algodão] está ocorrendo agora", disse Silva.
Além disso, o empresário prevê um fenômeno de maturação das lojas das Artex no próximo ano, o que também pode aumentar a rentabilidade operacional da companhia.
De modo geral, as condições para a indústria têxtil nacional hoje estão melhores do que um ano atrás. O câmbio está mais favorável às exportações, houve a desoneração da folha de pagamento e redução da taxa de energia elétrica, afirmou Silva. Em paralelo, disse o empresário, os custos de produção na Ásia estão sob pressão devido a uma crescente preocupação com as questões trabalhistas e de sustentabilidade ambiental no continente. Na prática, isso significa uma competição mais nivelada entre empresas brasileiras e asiáticas.
No terceiro trimestre, a Springs registrou um prejuízo de R$ 29,9 milhões, um pouco menos da metade da perda registrada um ano antes. A receita líquida avançou 35,2%, para R$ 462,3 milhões, na mesma comparação.
Recentemente, a companhia fez um aumento de capital de R$ 169 milhões, operação que faz parte do reestruturação societária e no mercado de capitais da sua controladora Coteminas.
Questionado por um investidor sobre a possibilidade de Springs comprar a Teka, empresa do mesmo setor que pediu recuperação judicial há um mês, Silva disse que o atual portfólio de marcas da companhia já está bastante completo, mas que "dependendo do preço, se tiver retorno, quem sabe?".
Veículo: Valor Econômico