Dois anos atrás, o empresário Luis Roberto Carrara Lelis saiu vitorioso em uma licitação do governo do Amazonas que escolheu a Supporte Logística Integrada para construir e operar um entreposto da Zona Franca de Manaus em Uberlândia. Era o segundo entreposto desse tipo no país. O primeiro foi construído na década passada, em Resende (RJ). Lelis montou um armazém com três módulos. Começou a operar em maio de 2010 e desde então várias fábricas instaladas na Zona Franca estocam produção em Uberlândia. Em um ano e meio de operação, fechou contratos com clientes de grande porte, entre eles BIC, Harley-Davidson, 3M e Mitsubishi Eletric.

O entreposto mineiro da Zona Franca já é o maior do país. Tem uma área de armazenagem de 39 mil m2 e 30 clientes. O entreposto de Resende tem 38 mil m2 e 24 clientes, segundo a americana McLane, que tem a concessão na cidade. A empresa é do Berkshire Hathaway, cujo maior acionista é o mega-investidor Warren Buffet.

Talvez porque a ideia dos entrepostos já esteja mais madura entre os fabricantes em Manaus, a base em Uberlândia prospera rapidamente. "Uberlândia está avançando mais rápido do que Resende, que demorou cinco anos para ampliar sua capacidade inicial de 5 mil m2 de armazéns", diz o secretário executivo da Secretaria da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo.

Lelis faz suas projeções. "Vamos fechar o ano com o dobro do tamanho de 2011 em faturamento e número de clientes." Em 2013, diz ele, a perspectiva é manter o ritmo de crescimento deste ano. Até dezembro, o total de produtos comercializados que passarão pelos seus armazéns chegará a R$ 1,5 bilhão. Lelis não revela o faturamento, mas diz que o custo logístico pago por seus clientes varia de 3% a 5% do valor comercializado - algo entre R$ 50 milhões a R$ 75 milhões este ano. Ele garante que não sentiu os reflexos do ritmo lento de crescimento da economia - em especial no primeiro semestre.

O empresário está no negócio de logística desde 1999, quando montou com sua mulher, Flávia Formoso de Moraes Lelis, a Supporte Logística Integrada. Os dois são de Uberlândia. Além do contrato com o governo do Amazonas, ele atende a outros clientes em Uberlândia.

Seu próximo passo é expandir os serviços para São Paulo e Recife. Lelis está prospectando terrenos nas duas cidades para construção de armazéns e espera iniciar as operações no segundo semestre de 2013. Os projetos não têm relação com a concessão da Zona Franca.

O entreposto de Uberlândia - e isso também vale para o de Resende - funciona como um pedaço da Zona Franca no interior de Minas. Com a diferença básica de que não há linha de montagem, só armazenamento.

Os fabricantes que estão em Manaus podem enviar seus produtos diretamente para um dos entrepostos sem recolher imposto. Nos armazéns, o produto pode ficar até 180 dias sem ser tributado. Só quando o fabricante faz a venda é que recolhe a parte dos tributos referentes à produção para o Estado do Amazonas, o ICM do frente para Minas ou Rio e o ISS para os municípios, explica Lelis.

A vantagem para as fábricas é o manterem seus produtos estocados próximos dos centros consumidores. No caso de Uberlândia, a cidade está num raio de 600 km de distância de dois terços do consumo do país e, por sua localização, acabou se especializando na distribuição de mercadorias.

A mercadoria estocada no entreposto leva um dia para chegar em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, entre outros polos. Se ficasse em Manaus, o trajeto até o cliente exigiria, em geral, 15 dias. "Algumas empresas transferiram sua estocagem para cá e assim liberaram áreas para ampliar suas linhas de montagem", diz Lelis.

Ele vai disputar outro entreposto da Zona Franca, na cidade de Ipojuca, Pernambuco. "A licitação deve ocorrer ainda este ano", diz Afonso Lobo.



Veículo: Valor Econômico