Produtores têxteis do Brasil e da União Européia (UE) uniram forças pela defesa da eliminação de alíquotas e barreiras não-tarifárias (problemas aduaneiros e outras burocracias) no comércio bilateral do setor. Na prática, é pavimentado uma espécie de acordo setorial de liberalização em vista de uma futura zona de livre comércio UE-Mercosul, no memorando de entendimento assinado em Bruxelas entre a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e a Euratex, a associação têxtil européia.
Para o embaixador brasileiro na UE, Ricardo Neiva Tavares, esse tipo de entendimento deve ser seguido por outros setores produtivos, pelos "resultados benéficos e pelo sinal encorajador" para as negociações da Rodada Doha e UE-Mercosul. Até outubro, o Brasil exportou US$ 200 milhões de produtos têxteis para o mercado comunitário e importou US$ 400 milhões, quando o real estava forte. Os europeus têm interesse em vender produtos com valor agregado.
O acordo visa também estimular joint ventures entre companhias dos dois lados, transferir tecnologia e lutar contra falsificação de terceiros países. Produtores brasileiros reclamam que seus produtos estão sendo falsificados na América Latina e na China.
William Lakin, secretário-geral da Euratex, apontou interesse de grandes marcas européias em ter acesso direto a matérias-primas (algodão e fibras) no Brasil e produzir localmente. Comentou que uma grande companhia com marca famosa teve de suspender seu plano de se instalar no Brasil por causa da crise financeira global, mas acredita que o projeto será retomado. (AM)
Veículo: Valor Econômico