Em linha com os índices vistos em meses anteriores, as vendas do varejo acumularam alta de 8,50% no ano e de 7,60% nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A entidade divulgou ontem o indicador das vendas no conceito restrito - que exclui os segmentos de material de construção e veículos e motos, partes e peças - que registrou avanço de 0,8 % ante setembro e 9,10% ante outubro de 2011.
Mesmo com o incremento, a perspectiva para 2013 é de que o setor varejista cresça de forma desacelerada, e apresente em média crescimento em linha com a expectativa do Produto Interno Bruto (PIB), na casa de 4%.
Neste cenário, que, para alguns poderia ser de preocupação, para outros será motivo de comemorar, em especial para os que atuam no pequeno e médio comércio brasileiro.
Segundo Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira, especialista do Núcleo de Estudo do Varejo da Escola Superior de Propaganda em Marketing (ESPM-SP), esse nicho de mercado tem apresentado ao longo deste ano 15% de crescimento e esse índice se manterá em 2013.
"É sentido um movimento do mercado de valorização do pequeno e médio comércio, tanto que essas empresas têm crescido acima do setor, em um patamar estimado em 15%", enfatizou.
Para o especialista, as projeções menos otimistas devem-se ao menor crescimento das grandes redes de varejo. "As três maiores do setor, quando são comparadas com todos os segmentos, têm apresentado crescimento de 5% ao ano, e isso não mudará no próximo ano", enfatizou ele.
O especialista refere-se às redes supermercadistas Pão de Açúcar (GPA), Carrefour e Walmart, que, mesmo sendo líderes no setor e crescerem acima dos concorrentes, não são capazes de sustentar o desempenho setorial.
Ainda segundo o especialista, o potencial do pequeno e médio comércio é tanto que ele continuará a crescer acima da média estimada para o setor em geral.
Dados anteriores de entidades como a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), apontam que, em linha com que o foi visto ao longo deste ano, segmentos como higiene, saúde e cosméticos ganham destaque em 2013.
"Esse desempenho mais aquecido desses setores deveu-se à já tão mencionada classe C. Esse movimento ainda será visto em 2013", enfatizou anteriormente ao DCI, o especialista da Fecomércio Fábio Pina. A Apas, em seu último balanço também evidenciou o potencial dos setores de higiene e beleza para o ano que se aproxima.
Perspectivas
Indo na contramão das projeções realizadas pelas entidades representativas do setor varejista, em que no próximo ano o segmento crescerá desacelerado, a LCA Consultores revisou para cima sua expectativa para o desempenho das vendas do comércio varejista restrito, em volume, em 2012 e 2013, depois da divulgação da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a outubro.
Em relatório, a instituição informa que a projeção de expansão do comércio para este ano subiu de 8% para 8,5% e, para o ano que vem, de 6% para 6,5%.
"O resultado de outubro confirma uma tendência de recuperação das vendas do varejo no último trimestre", disse a empresa por meio de nota.
"A melhora do desempenho do varejo restrito pode ser creditada, em grande medida, à recente recuperação do mercado de trabalho, com mais rendimentos e ocupação, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego", afirmam os economistas.
A LCA destaca, entre os cinco segmentos da PMC a apresentarem avanço, o de Hipermercados, Supermercados e Alimentos, que subiu 0,4% ante setembro, e a recuperação das vendas de Móveis e Eletrodomésticos, que, após recuarem 1,8% em setembro, cresceram 1,4% em outubro, na margem. "Podem ter sido ajudadas pela prorrogação do desconto do IPI para a linha branca", observaram os profissionais.
Pelo lado negativo, há recuo de 2,2% na margem das vendas de tecidos, artigos de vestuário e calçados, "a terceira queda consecutiva na margem".
Até outubro, as vendas acumulam altas de 8,50% no ano e de 7,60% nos últimos 12 meses.
Veículo: DCI