Suggar e a italiana Faber estudam uma joint venture

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Mais de uma década depois de uma negociação frustrada com uma multinacional italiana, a Suggar, fabricante de eletrodomésticos e utensílios portáteis para cozinha, está novamente em conversas com os italianos. Dessa vez, com outra empresa. Na pauta, a possibilidade de uma joint venture com o grupo familiar mineiro.

Segundo José Lúcio Costa, fundador e presidente da empresa e Leandro Xavier Costa, seu filho e vice-presidente executivo da Suggar, a Faber gigante especializada em coifas e aparelhos de exaustão para cozinha, iniciou uma aproximação com a família. "Eles são um 'player mundial' e querem entrar no Brasil e trataram conosco de uma proposta de joint-venture", disse Leandro, que tem estado à frente das conversas com os representantes da multinacional. Segundo ele, tudo está ainda em fase inicial, com os italianos reunindo informações sobre a empresa e sobre o mercado no Brasil.

Costa, embora cauteloso, observa que a Faber tem algo incontestável: "Tecnologia, máquinas, uma experiência de fabricar para cerca de 80 marcas". E o cliente, diz ele, está cada vez mais exigente. A Suggar, diz Costa, conseguiu ocupar tão bem o mercado de coifas, exautores e depuradores que o nome da empresa chega a ser usado como sinônimo para esse tipo de aparelho. O Valor tentou contato com a Faber, mas não obteve resposta.

Costa ficou bastante desgostoso e desconfiado em relação a negociações desse tipo. No fim dos anos 90, ele sentiu que estava a um passo de fechar uma parceria com a Elica, outra gigante italiana que atua no mesmo ramo da Faber. As duas são concorrentes diretas. O empresário conta que começou a frequentar aulas de italiano e que fez investimentos à espera de concretizar a parceria. Mas os planos não avançaram e ele acabou recorrendo à Justiça.

"Agora estou com os dois pés atrás", diz. O que não significa, lembra o filho, que tenham fechado a porta para negociações com a Faber. Com sede na cidade italiana de Fabriano, a empresa opera em sete países (Índia, Turquia, Suécia, França, EUA e Argentina). Suas vendas totalizaram, segundo dado mais recente postado no site, € 254 milhões.

O grupo Suggar (que tem no negócio de eletrodomésticos e utensílios seu carro-chefe) deve faturar mais de R$ 476 milhões este ano, quase 25% a mais que em 2011, segundo seu presidente. Com 154 produtos em seu portfólio, a empresa importa hoje 145 deles, a maioria da China. Os produtos maiores são fabricados pela Suggar, em Belo Horizonte.

Com a marca Suggar há coifas, lavadoras de roupa (o item mais importante em termos de valores), secadoras, fornos elétricos, liquidificadores, batedeiras e mais dezenas de produtos. A previsão de Costa é de um avanço de 15% no faturamento em 2013. O desempenho da empresa e do setor deverá ser fortemente influenciado pela manutenção ou não da isenção do IPI que está programada para acabar no dia 31. As empresas pedem a prorrogação do benefício.

Este ano, a previsão da Eletros, a associação que reúne fabricantes de eletrodomésticos, é de um crescimento das vendas de 16% para a linha branca. Só de geladeiras, espera-se fechar o ano com mais de 6,5 milhões de unidades vendidas. "A redução do IPI fez o setor criar cerca de 4 mil empregos diretos. Esperamos que isso continue em 2013 para que o setor siga crescendo", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros.

Independentemente da evolução da conversa com os italianos, Costa avalia que com o desemprego reduzido, renda crescendo e juros em patamares historicamente baixos o setor vai continuar em expansão. Na fábrica, estão em fase de testes produtos Suggar que chegarão ao varejo em 2013. Costa tem dito que este ano foi memorável para o setor de eletrodomésticos. "Somente no auge do Plano Cruzado [em 1986], vi incremento tão espetacular". Sua aposta e esperança é que 2013 seja tão bom quanto este para os negócios.


Veículo: Valor Econômico


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