A fabricante de cigarros Philip Morris, dona das marcas Marlboro e L&M, aumentou seus preços em 15% em cinco Estados: Rio de Janeiro, Tocantins, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal. A companhia seguiu a líder de mercado Souza Cruz, que comercializa as marcas Lucky Strike e Dunhill, e que subiu em 16% os preços médios em 20 Estados no fim de novembro.
Analistas de mercado apontam que a estratégia de aumento escalonado de preços, apenas em algumas regiões, denota a dinâmica mais competitiva do setor neste ano. É a primeira vez que a Souza Cruz e a Philip Morris implementam aumentos de preços de forma gradual, região por região.
O analista Fernando Ferreira, do Bank of America Merrill Lynch (BofA), aponta em relatório que os reajustes graduais são uma espécie de teste para avaliar o impacto dos preços maiores na variação do consumo. Em abril, a Souza Cruz aumentou seus preços em 24% em todo território nacional, mas teve de voltar atrás no mês seguinte e reduzir o reajuste para 18%, mesmo patamar adotado pela Philip Morris.
Além da forte concorrência entre si, as duas maiores fabricantes de cigarros do país têm um inimigo comum: o avanço do mercado ilegal. O produto contrabandeado ganhou uma fatia de vendas importante no terceiro trimestre, com aumento de 16% na comparação anual, após o aumento de preços de maio, segundo relatório do BofA.
De acordo com os analistas do banco Barclays, a Souza Cruz pretende estender, nos próximos dias, o aumento de preços anunciado em novembro para o sete Estados em que ele ainda não foi implementado: São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A companhia não comenta a informação. Nessas regiões, que concentram mais da metade da população brasileira, a concorrência é mais acirrada.
Em janeiro, entra em vigor uma nova rodada de aumento de tributação, que deve ter impacto de 10% nos preços dos cigarros. Ou seja, os reajustes anunciados pelas fabricantes, da ordem de 15%, embutem também ganhos de margens.
Nos nove primeiros meses do ano, apesar da queda de 7% no volume de cigarros comercializados, os aumentos de preços e o foco em marcas "premium" garantiram que a receita da Souza Cruz no segmento avançasse 3%, para R$ 3,2 bilhões. A Philip Morris não divulga seus dados relativos ao Brasil.
Veículo: Valor Econômico