Clima acabou prejudicando o cereal, cuja produção teve quebra de 31,29%
Com a quebra na safra de trigo consolidada em 31,29%, conforme dados divulgados pela Emater, o Brasil precisará recorrer a parceiros além do Mercosul para garantir o abastecimento da indústria. Tanto que o setor já pede ao governo a isenção da tarifa externa comum de 10% para este ano.
— Além do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai sofreram com problemas climáticos e devem reduzir as exportações aqui para o Brasil. Teremos de encontrar outros vendedores, o que encarece nosso custo — ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Estado (Sinditrigo), José Antoniazzi.
Entre esses mercados estão, por exemplo, os Estados Unidos, que neste caso precisam pagar a tarifa. O analista da Safras e Mercado Renan Magro Gomes afirma que, apesar da seca, os americanos têm estoques suficientes para atender à demanda brasileira pelo cereal. A preocupação em fechar a conta existe porque, conforme Antoniazzi, existe um compromisso de exportação de 800 mil toneladas do cereal.
A colheita gaúcha da atual safra de trigo somou 1,88 milhão de toneladas. Além da geada no final de setembro, o atraso no plantio por causa da seca prolongada e o excesso de chuva no período da colheita foram fatores considerados determinantes para a quebra, conforme técnicos da Emater e da Embrapa Trigo. Em 2011, a colheita chegou a 2,74 milhões de toneladas do cereal.
Além da perda da produção, a produtividade foi reduzida de uma estimativa inicial de 2,56 mil quilos por hectare para 1,91 quilos por hectare. Parte da produção colhida teve perda de qualidade. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, cerca de 60% do trigo colhido tem qualidade suficiente para a indústria de panificação, o que estará ajustado com o consumo anual do cereal no Rio Grande do Sul, de 1,1 milhão. O impacto da queda já foi sentido no final do ano passado, com o aumento de 20% no preço do pão ao consumidor.
— Temos que lembrar que parte deste produto já estava destinado para exportação e também vai para moinhos de outros Estados. Mas há a compensação com a importação de trigo dos países do Mercosul — salienta Dotto.
Veículo: Zero Hora - RS