As vendas no comércio varejista tradicionalmente começam a se aquecer no mês que antecede as festas de fim de ano. Porém, em Minas Gerais, a tendência não se aplicou ao resultado de novembro de 2012. Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve retração de 1% nas vendas do varejo mineiro no mês na comparação com outubro, na série dessazonalizada. No país, em idêntica base de comparação, foi observada expansão de 0,3%.
Conforme o analista do IBGE-MG, Antônio Braz, a queda - a primeira desde maio - pode estar relacionada a diferentes fatores. "Possivelmente, em Minas, o consumidor sanou suas necessidades em outras épocas ou, talvez, ele esteja mais endividado, o que acarreta em um adiamento das decisões de compra. Assim, as pessoas podem estar à espera de promoções ou preferiram aproveitar o período para quitar alguma pendência", avalia.
Braz acrescenta que o resultado negativo de novembro não deve se firmar como tendência. Para ele, o consumo das famílias provavelmente se manterá como aliado do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) também em 2013. Porém, ele admite que fatores como o endividamento elevado e as restrições impostas sobre algumas linhas de financiamento podem influenciar negativamente, sobretudo, as vendas de bens de maior valor agregado.
Mesmo com a queda na série com ajuste sazonal, os resultados da atividade seguem positivos sobre as demais bases comparativas. No confronto de novembro, contra idêntico mês de 2011, a expansão em Minas é de 3,3%, bem inferior aos 8,4% da média nacional. No período, cinco, entre os oito segmentos consultados, registraram avanço.
A contribuição positiva mais relevante no período veio da venda de outros artigos de uso pessoal e doméstico, alta de 28,7%. Em seguida, aparece o grupo que abrange móveis e eletrodomésticos (13%), bens ainda beneficiados pela redução na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), encerrada em 31 de dezembro.
Na contramão, a maior variação negativa foi registrada em equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 18,8%. No país, o recuo foi bem menos acentuado, de 2%. "As vendas do segmento no Estado estavam em ascensão até o início de 2012, quando elas começaram a registrar quedas sucessivas. Isso pode significar que a demanda do mineiro por esses bens tenha sido sanada em um intervalo mais curto", ressalta. Outras retrações vieram do setor de hipermercados e supermercados (1,9%) e livros, jornais, revistas e papelarias (0,7%).
No acumulado do ano até novembro, a expansão do varejo mineiro é de 7,6%, impulsionada pelos móveis e eletrodomésticos (24,3%), em decorrência dos incentivos fiscais. Vale ressaltar também o bom desempenho dos artigos de uso pessoal e doméstico (16,3%) e artigos farmacêuticos (9,6%). Ao longo dos 11 primeiros meses do exercício passado, somente as vendas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação registraram estabilidade, com sensível recuo de 0,1%.
O mesmo grupo foi o único que registrou variação negativa, de 1,2%, também no acumulado de 12 meses. No intervalo de um ano, as maiores altas se repetiram em idênticos segmentos: móveis e eletrodomésticos (25,1%); artigos de uso pessoal e doméstico (15,4%) e artigos farmacêuticos (9%).
Ampliado - Embora em novembro as vendas do varejo restrito no Estado tenham sido inferiores às do país, no ampliado, aquele que contempla a comercialização de veículos, motocicletas, partes e peças e materiais de construção, há uma inversão. Em Minas, o avanço é de 10,8%, contra 7,2% do Brasil, no confronto de novembro, contra o mesmo mês do ano passado. Por aqui, a expansão deve ser atribuída à venda de veículos, 24,6%. O aumento das vendas de material de construção foi de 5,7%.
Já no acumulado do ano e em 12 meses, os dados mostram que, ao contrário da produção de veículos, que reagiu melhor no Estado em relação às demais unidades da federação ao corte na alíquota do IPI, o mesmo não se aplica à venda dos automóveis. Nos 11 primeiros meses do ano, a comercialização, no Estado, avançou 4,4%, contra 7,4% do país. Com isso, a expansão do varejo ampliado, no período, foi de 6,5%, provocada pela alta de 5,8% dos materiais de construção. No Brasil, o avanço foi de 8,4%.
Ao longo dos últimos 12 meses, o crescimento é de 6,3%. Mais uma vez, a principal contribuição veio dos materiais de construção, 5,5%. A comercialização de veículos registrou alta de 3,4%, ante uma expansão de 6,7% da média nacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG