Indústria têxtil prevê alta de até 2% no ano

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Após dois anos consecutivos de retração, a produção do setor têxtil e de confecções crescerá até 2% em 2013, prevê a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit). No pior cenário, a entidade projeta estabilidade nesse indicador do segmento sobre o ano passado.

De janeiro a novembro, houve queda de 4,6% na produção do setor têxtil e recuo de 10,5% no de confecções. No varejo, o segmento de vestuário avançou 3,4% em volume, preenchido pelo aumento de 19,6% nas importações no período. Para este ano, a Abit projeta expansão de 4% no volume vendido em 2013.

Segundo Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, a perspectiva de um ano melhor está relacionada com a possibilidade de que o crescimento do PIB será maior em 2013. "Estamos confiantes numa expansão de cerca de 3% [do PIB]".

Além disso, diz, medidas como desoneração da folha salarial, redução do custo da energia, fim da guerra dos portos e queda na taxa de juros devem "amadurecer" e afetar positivamente o setor.

Há, no entanto, uma grande preocupação das empresas com a lenta recuperação dos mercados desenvolvidos diante da crise, afirma Diniz. "A busca de mercados alternativos como forma de escoar o excedente produtivo dos nossos principais concorrentes internacionais ocorre, às vezes, de forma predatória", diz ele, referindo-se à invasão dos produtos asiáticos.

Medido em dólares, o faturamento do setor têxtil e de confecções cairá de US$ 56,7 bilhões para US$ 53 bilhões neste ano, prevê a Abit. A diminuição reflete o efeito do câmbio: em 2012, o dólar médio ficou em R$ 1,95, enquanto a projeção para este ano é de R$ 2,10. "Além disso, o setor tem segurado os preços", diz.

Para Diniz, o consumidor ainda pode estar em processo de redução do seu nível de endividamento, o que também compromete o desempenho do setor em 2013. "O câmbio ainda está valorizado e há pressão de custos com logística, mão de obra burocracia e tributos, problemas sistêmicos de toda a indústria nacional", diz.

Em uma década, as importações de vestuário aumentaram 27 vezes, para US$ 2,75 bilhões. Diante desse cenário, a Abit entrou em agosto com pedido de salvaguarda para confecções, e agora vai pleitear redução e simplificação de impostos federais. Até o fim do semestre, a entidade apresentará uma proposta de regime tributário competitivo para confecção (RTCC) ao governo.

No Brasil, a carga tributária média setor de confecções, elo de maior intensidade de mão de obra da cadeia têxtil, é de 18% sobre a receita bruta, segundo a Abit. A intenção da entidade é que essa fatia fique entre 5% e 10%, variando conforme o porte da empresa.

Alguns estudos ainda estão sendo concluídos, mas, caso o RTCC seja aprovado, a produção física do setor crescerá 69% até 2025, com criação de 300 mil postos de trabalho no período, diz Diniz. Segundo ele, a alta na produção compensaria a menor incidência de impostos no setor.

Em análise pelo governo, o pedido de salvaguarda para confecções abrange 60 itens que representam 82% das importações da China. Recentemente, o governo pediu atualização dos dados, tarefa que a Abit deve concluir em três meses.



Veículo: Valor Econômico


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