As lavouras brasileiras de soja e de milho têm registrado avanços sucessivos de produtividade, a ponto de gerar excedentes para exportações equivalentes a US$ 26,11 bilhões e a US$ 5,29 bilhões, respectivamente, no ano passado, em decorrência, principalmente, da queda de safra nos Estados Unidos.
Segundo o chefe de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques, chama à atenção o fato de os preços internacionais privilegiarem produtos usados, em grande parte, como ração animal e na fabricação do etanol, em detrimento de produtos de consumo exclusivamente humano, como arroz, trigo e feijão, cujas culturas estão praticamente estagnadas.
Arroz, feijão e trigo têm preços mais deprimidos no mercado mundial, embora haja carência de alimentos em algumas regiões, como África, Ásia e mesmo América Latina. Para Gasques, o Brasil se posiciona como um caso à parte, em virtude de ainda dispor de áreas agricultáveis a serem exploradas, além dos ganhos de produtividade nas lavouras em geral, embora exista limitação na questão climática do nordeste.
Ele lembra, no entanto, que a produção nacional de arroz e feijão dá apenas para garantir o abastecimento doméstico, enquanto a colheita de trigo não atende à metade das necessidades de consumo interno, de cerca de 10,5 milhões de toneladas por ano. Esse déficit causou prejuízo de US$ 1,832 bilhão ao País no ano passado, com importações de 5,740 milhões de toneladas do produto ao preço médio de US$ 319 por tonelada.
Gasques defende uma política "mais direcionada para o trigo", com investimentos também no Cerrado e na Região Sul, com o objetivo de equilibrar o abastecimento interno e o consumo.
Veículo: DCI