Os aumentos de salário na China e a baixa produtividade da indústria local podem levar indústrias para outros países, seja atrás de mão de obra barata ou de mais produtividade. Essa é a previsão da Boston Consulting Group.
Coincidência ou não, mais empresas têm anunciado a saída de algumas linhas de produção do país. Na semana passada, a fabricante de brinquedos Mattel decidiu que parte da produção de alguns itens migrará para Brasil e Índia. "Embora ainda em estágio inicial, o resultado das mudanças na estrutura de custos na China já é visível em recentes movimentos de terceirização por empresas", diz a consultoria em relatório produzido no ano passado.
Segundo a consultoria, os salários chineses subiram, na média, 19% ao ano entre 2005 e 2010. No mesmo período, o ritmo nos Estados Unidos foi de 4%.
Levantamento feito pela consultoria mostra que em 2000 os salários médios na China correspondiam a cerca de 3% do rendimento nos EUA. Com a expectativa de continuar com aumentos reais no médio prazo, a consultoria estima que em 2015 o salário médio nas regiões que melhor pagam o trabalhador na China já estará equivalendo a quase um terço do pago à mão de obra dos EUA nas regiões com os salários mais baixos do país.
"Em 2000, os salários em uma fábrica na China estavam, em média, em US$ 0,52 por hora. Como o mercado de trabalho chinês está ficando mais apertado pelo crescimento econômico e o envelhecimento da mão de obra, os aumentos (anuais) de salário devem seguir na média de 18% até 2015. Assim, os salários médios podem chegar a US$ 6,31 por hora em 2015", projeta a consultoria. No relatório, os analistas citam como comparação o acordo fechado pela Ford com sindicatos para criar 12 mil empregos nos EUA até 2015.
Os novos contratados pela montadora terão salário entre US$ 15 e US$ 16 por hora.
Mattel. A fabricante de brinquedos norte-americana Mattel anunciou na semana passada que transferirá parte da produção para Brasil e Índia em um esforço de reduzir custos. "A medida se deve a fatores de eficiência. Não dá para dizer que não vamos mais continuar na China", disse a vice-presidente da Mattel, Lisa McKnight.
Para o Brasil, serão produzidos brinquedos de plástico para crianças pequenas da linha Fisher-Price, jogos de cartas como o Uno e quebra-cabeças. No mercado brasileiro, a Mattel vai produzir com parceiros como a Grow e a fabricante de baralhos Copag. Para a Índia, será transferida parte da produção de bonecas Barbie.
No mesmo movimento, a General Eletric inaugurou no ano passado uma nova fábrica em Kentucky, nos EUA, para a produção de aquecedores de água que anteriormente eram produzidos na China. / F.N.
Veículo: O Estado de S.Paulo