Segundo o IBGE, comércio beneficiou-se dos estímulos ao consumo, como os cortes dos juros e do IPI
Apesar da perda de fôlego nos últimos meses do ano, o comércio varejista fechou 2012 com um crescimento de 8,4% nas vendas, segundo o IBGE. O segmento beneficiou-se dos estímulos do governo, como a redução do IPI e o corte nos juros, mas o mercado de trabalho também impulsionou o resultado.
As vendas de supermercados cresceram 8,9%, puxadas pelo aumento no poder de compra da população, apesar da escalada nos preços. Se por um lado o desempenho no ano foi motivo de comemoração, houve decepção com o resultado de dezembro. A queda de 0,5% nas vendas do comércio em relação a novembro frustrou as expectativas do mercado, e analistas falam em acomodação do consumo nos próximos meses.
"Se eu fosse escolher uma variável para explicar o resultado no ano, sem dúvida nenhuma seria o mercado de trabalho. É o que está dando lastro para as vendas. A pessoa com emprego e com a renda real crescendo não só consome, como fica mais segura para tomar crédito", disse o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
No varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e material de construção, a alta no volume vendido alcançou 8% no ano. A atividade de veículos teve expansão de 7,3%, puxada pela redução do IPI para automóveis. "Além disso (do mercado de trabalho pujante e da redução de IPI), continuou-se com uma oferta bem generosa do crédito, e tendo por trás redução de taxa de juros. Para atividades que dependem de crédito isso é fundamental", disse Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Negativo. Em dezembro, houve resultados negativos em cinco das oito atividades que compõem o comércio varejista O destaque foi a redução de 0,3% no segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, possivelmente como efeito da inflação dos alimentos. Os preços dos produtos no varejo subiram 0,7% em dezembro ante novembro. No setor de supermercados, a alta foi de 0,5%.
"Sempre que os preços crescem acima de 0,4%, isso pressiona as vendas para baixo", disse Bentes. "A atividade em que as vendas mais cresceram foi a de veículos, com aumento de 8,3%, e foi também onde o preço dos produtos caiu 1,4%", acrescentou o economista da CNC.
Outro setor com desempenho positivo na passagem de novembro para dezembro foi o de eletrodomésticos, com expansão de 2,4% nas vendas. De acordo com a economista Mariana Oliveira, analista da Tendências Consultoria Integrada, houve uma antecipação das compras, porque a prorrogação da desoneração do imposto para artigos de mobiliário e eletrodomésticos da linha branca se deu apenas em meados de dezembro.
Com a definição pelo governo da retirada escalonada do benefício, as expectativas são de crescimento mais modesto no varejo em 2013. "A tendência é de alta entre 5% e 6% em 2013, abaixo do ritmo do ano passado. Estímulos serão retirados. Mesmo o rendimento médio real do trabalhador vai crescer menos. O ritmo de expansão da renda também deve diminuir um pouco por causa da inflação alta", enumerou Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil).
Veículo: O Estado de S.Paulo