Diferença entre importações e exportações é de US$ 17 bi em janeiro, após país desvalorizar o iene em cerca de 20%
Depreciação da moeda encareceu compras de petróleo; premiê deve pedir ajuda a Obama em visita a Washington
Dados preliminares divulgados ontem pelo governo do Japão mostram que o país atingiu deficit comercial recorde em janeiro, depois de ter desvalorizado a sua moeda -o iene- em cerca de 20% desde novembro, visando obter maior competitividade.
Polêmica, a desvalorização japonesa gerou acusações de "guerra cambial" e temores, sobretudo na Europa, de que outros bancos centrais tomassem medidas similares.
A diferença entre as exportações e as importações japonesas no mês passado foi de 1,63 trilhão de ienes (US$ 17,4 bilhões). As vendas externas foram de US$ 51,2 bilhões no mês, e as compras do exterior totalizaram US$ 68,6 bilhões.
Embora a depreciação da moeda tenha ajudado as exportações a crescer 6,4% em janeiro -deixando os produtos japoneses mais baratos no exterior-, ela também encareceu o petróleo e outras commodities que o país precisa importar. Com isso, as importações tiveram alta de 7,3%.
A situação é ainda mais crítica porque, desde o vazamento na usina de Fukushima, provocado pelo tsunami que matou mais de 15 mil pessoas em março de 2011, o Japão suspendeu a atividade da maioria de suas centrais nucleares e ficou mais dependente do petróleo importado.
Segundo os analistas, os números indicam problemas na estratégia do governo japonês de fazer as exportações puxarem o crescimento. Com isso, deve crescer a pressão pelo aumento da demanda interna, num cenário em que a força de trabalho do país está envelhecendo e diminuindo.
AJUDA DOS EUA
Segundo a mídia japonesa, o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, deve aproveitar sua visita a Washington -prevista para o final desta semana- para pedir ao presidente dos EUA, Barack Obama, maior acesso a exportações de gás de xisto americano, a preços mais baixos.
O governo japonês não confirmou esses relatos sobre a visita do premiê aos EUA, mas disse "atribuir máxima importância à necessidade de cooperação nas áreas de recursos e de energia, especialmente considerando nossa rigorosa situação energética atual".
Abe, que assumiu como primeiro-ministro em dezembro, prometeu impulsionar a economia japonesa restabelecendo a competitividade das exportações e, ao mesmo tempo, estimular a demanda doméstica com gastos públicos.
Veículo: Folha de S.Paulo