O setor de papelão ondulado, um bom termômetro para as encomendas da indústria fora da cadeia automotiva, também virou o ano com bons números. A alta de 10,3% da expedição sobre janeiro passado, diz o presidente da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), Ricardo Trombini, se deu em cima de base muito fraca, mas o setor esperava avanço menos expressivo. "A virada de ano foi melhor e o dado de janeiro sinaliza crescimento perto de 3,5% para 2013", diz Trombini.
Segmentos voltados à produção de bens de consumo também relatam números favoráveis para janeiro e se dizem mais otimistas com o restante do ano. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, cita o aumento da confiança do empresário do setor relatado por sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que foi de quase quatro pontos entre janeiro e fevereiro, como sinal positivo.
Também diretor-presidente da fabricante de tecidos de jeans Cedro Cachoeira, o presidente da Abit notou aumento de encomendas de sua empresa no início do ano, mas não divulgou números. "A Cedro e vários empresários percebem sinais de melhoria, mas estamos apenas no início do ano", diz. Com desoneração da folha de pagamentos, queda dos juros e dos preços de energia e um dólar mais caro, a expectativa da Abit é que a produção aumente entre 2% e 2,5% em 2013. Em 2012, a indústria têxtil encolheu 4,2%, enquanto a de vestuário recuou 10,4%.
A Bibi, fabricante de calçados infantis com sede em Parobé (RS), iniciou o ano com vendas em alta. O faturamento de janeiro foi 34% superior ao do mesmo período de 2012 e aponta para uma expansão de 6,8% a 9% no ano, diz o diretor Rosnei Alfredo da Silva. No ano passado, a empresa cresceu 5%, para R$ 133 milhões de receita bruta.
As exportações, favorecidas pelo câmbio, avançaram 75% em reais e puxaram o desempenho de janeiro. Já as vendas nas dez lojas próprias, estimuladas por uma liquidação agressiva no mês, subiram 68% e no varejo multimarcas, 25%, explica Silva.
"Os lojistas estão repondo estoques depois do bom giro no fim do ano", diz o diretor. Em fevereiro, o movimento deve esfriar um pouco no mercado interno e a empresa projeta faturamento global semelhante ao do mesmo mês de 2012, mas as exportações devem seguir firmes e pular de 40 mil pares para pelo menos 100 mil pares no acumulado do trimestre. "O ano está bem encaminhado", afirma.
Para a paranaense Bonyplus, fabricante de cosméticos da marca Beauty Color, o ano começou acelerado. O lançamento de duas coleções de esmaltes ajudou a elevar as vendas em 29% em janeiro, na comparação com igual mês do ano passado. Em fevereiro, o crescimento será de 10%, diz Amaury Daguano, diretor de marketing. Confiante no aumento das vendas de cosméticos e produtos de higiene e beleza no Brasil, a Bonyplus estima crescimento de 20% em 2013, ante 9% registrado em 2012.
A fabricante de metais sanitários Fabrimar também projeta alta na produção neste ano. Em janeiro, as vendas ficaram 8% acima do observado em igual mês de 2012. "Acreditamos que esse resultado está atrelado ao aumento de estoque das revendedoras", afirmou o diretor-comercial da empresa, José Fernando Caleiro. Ele estima encerrar 2013 com crescimento real de 8% em relação a 2012.
Em Minas, a Precon, fabricante de materiais de construção, bateu as metas de vendas em janeiro e segue no mesmo rumo em fevereiro, segundo o diretor de operações e mercado, Éder Ferreira Campos Filho. "O começo de ano não está sendo nada desestimulante, e esses primeiros resultados indicam que o ano será semelhante a 2012", quando o faturamento, segundo Campos Filho, cresceu 25%.
No Ceará, a fabricante de uniformes e calçados Recamonde revela que a produção cresceu 15% em relação ao primeiro bimestre do ano passado, puxada pela demanda da construção civil. O dono da empresa, Raimundo Recamonde, ressalta, no entanto, que são as obras públicas que estão por trás do crescimento dos pedidos, já que o setor privado está parado.
Veículo: Valor Econômico