SPA investe em "café para comer"

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A transformação do "chocolate bebida" das civilizações pré-colombianas da América nas barras e bombons que conhecemos hoje foi a inspiração da empresa capixaba SPA para transformar o cafezinho em um confeito, uma nova categoria que poderá representar mais uma forma de agregar valor à cadeia produtiva do café.

É o primeiro produto do gênero no mundo, segundo o diretor e um dos sócios da SPA, Renato Abaurre. Por ser novidade no mercado, o executivo afirma que a companhia está ainda "cautelosa", mas a recepção do produto tem sido muito positiva.

Apesar das incertezas, o segmento de "café para comer" deverá ser o grande responsável pelo aumento do faturamento da SPA de R$ 15,6 milhões registrados em 2012 para os estimados R$ 25 milhões este ano.

A empresa que começou com a fabricação de chocolates diet há mais de 20 anos, dona da marca Diatt, investiu cerca de R$ 15 milhões para o desenvolvimento da categoria Cafene, com as marcas "Coffee Beans" para o consumidor final e "Coffee Coins" para profissionais de gastronomia.

Foram quatro anos para se chegar ao produto final, que já foi patenteado e lançado oficialmente no fim do ano passado. Responsável pelo desenvolvimento do produto, Flávio Abaurre, irmão de Renato e sócio da empresa, também criou uma máquina especial para a fabricação do confeito. O processo todo levou em conta um hábito registrado na Etiópia, na África, o berço do café arábica, onde o grão era consumido como energético, de forma sólida, em uma mistura dos grãos com gordura animal.

A gordura protege o café da perda de qualidade e características depois de ser processado, o que normalmente ocorre a partir de 15 minutos, segundo Abaurre. Por isso, é usada gordura vegetal - manteiga de cacau desodorizada (que não tem sabor de chocolate) - para manter por muito mais tempo, até um ano, os seus nutrientes, qualidade e sabor.

A técnica resulta em uma massa de café integral com grãos de café 100% arábica de qualidade premium, comprados já torrados de uma fazenda do Sul de Minas Gerais, tradicional região produtora de cafés especiais. O produto leva cerca de 30% a 40% de café na formulação, além de gordura vegetal, açúcar, leite ou cacau em pó. Dez gramas do confeito equivalem a cerca de uma xícara de café.

Por ter sabor próprio e sem similares, o confeito não deverá disputar espaço com nenhum outro produto, mas abrir possibilidade para aumentar o consumo de café, principalmente entre o público mais jovem e aqueles que não tomam a bebida, conforme Abaurre. O consumo per capita de café no Brasil foi de 4,98 quilos por habitante de novembro de 2011 a outubro de 2012, quase 83 litros para cada brasileiro em um ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

A capacidade de produção atual do confeito de café é de 150 toneladas por mês, mas Abaurre estima que no futuro, sem prever em quanto tempo, poderá chegar a 450 toneladas. Também está nos planos da SPA a exportação do produto, que já vem sendo cobiçado por alguns compradores internacionais.

Atualmente, são cerca de 500 pontos de venda, entre supermercados, pequenos varejos e cafeterias nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e no município mineiro de Belo Horizonte. O próximo passo poderá ser a colocação do confeito em lojas do Pão de Açúcar. "Estamos construindo um marco para a entrada do café no mercado de confeitaria", diz Abaurre.



Veículo: Valor Econômico


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