O Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura de São Paulo, ajustou para baixo sua previsão para a produção de laranja do Estado nesta temporada 2008/09. Segundo levantamento divulgado ontem, a safra renderá 360 milhões de caixas de 40,8 quilos, 2,2% menos que o inicialmente estimado e 1,6% abaixo do patamar registrado no ciclo anterior (2007/08), que, segundo os cálculos do IEA, rendeu 365,8 milhões de caixas.
A nova projeção para 2008/09 segue acima do que esperam os produtores da fruta e as grandes indústrias exportadoras de suco de laranja, todas radicadas em São Paulo, que reúne o maior parque citrícola do mundo. Segundo o IEA, 306 milhões de caixas serão esmagadas para a produção de suco, e 54 milhões de caixas irão diretamente para os consumidores.
Os novos números não influenciaram as cotações do suco de laranja ontem na bolsa de Nova York. Os contratos futuros da commodity subiram, mas por conta de um movimento de cobertura de posições em uma sessão de poucos negócios, de acordo com a agência Dow Jones Newswires. Os papéis para janeiro fecharam a 75,25 centavos de dólar por libra-peso, ganho de 140 pontos em relação à véspera, ao passo que março, que atualmente ocupa a segunda posição de entrega na bolsa (normalmente a de maior liquidez) subiu 230 pontos e atingiu 76,20 cents.
Ainda que a alta dos contratos de segunda posição tenha sido expressiva - 3,11% -, apenas aliviou a retração acumulada neste mês de dezembro, que recuou para 3,3%. Em 2008, mostra o Valor Data, a baixa chega a 47,38%; nos últimos 12 meses, a desvalorização chega a 48,65%, e nos últimos dois anos atinge 62,23%.
Grande parte desse tombo, que se seguiu a uma temporada de elevadas cotações derivadas de problemas provocados por furacões à citricultura da Flórida (que abriga o segundo maior parque citrícola do mundo), decorre de um problema estrutural ligado à demanda.
Com a ampliação da oferta mundial de néctares e outros sucos prontos, mais baratos que o suco de laranja integral, houve uma migração de consumidores que ainda assusta o segmento. A tendência se aprofundou no primeiro semestre, com a inflação global dos alimentos, mas não estancou com a recente queda das commodities.
Se a demanda titubeia, apesar do avanço das vendas do suco de laranja não concentrado sobre os tradicionais embarques do produto concentrado e congelado, a oferta cresce. Na Flórida, ainda em recuperação, já são esperadas 165 milhões de caixas, mesmo com o avanço da doença conhecida como greening, dor de cabeça também em São Paulo. Em um cenário de gastos elevados inclusive por causa do greening, os citricultores paulistas estão recebendo menos de R$ 8 por caixa, segundo o Cepea, e reclamam que o valor está bem abaixo dos custos.
Veículo: Valor Econômico