Varejo refaz contas e reivindica que desoneração da folha seja facultativa

Leia em 2min 30s

Beneficiado no fim do ano passado com a desoneração da folha de pagamentos, o setor do comércio varejista já se articula para tornar facultativa a migração das empresas para a contribuição sobre um percentual sobre o faturamento. Em dezembro, o Ministério da Fazenda desonerou a folha de pagamentos do comércio varejista, com o objetivo de reduzir custos trabalhistas e, consequentemente, dar maior competitividade ao setor, num momento em que o governo quer estimular a economia. Em troca, as empresas pagariam uma alíquota de 1% sobre o faturamento bruto. A medida entra em vigor a partir de abril.

Apesar de ter negociado o benefício com a área econômica do governo, o presidente do Conselho de Assuntos Sindicais da Fecomercio-SP, Ivo Dall'Acqua Júnior, informou que, feitas as contas, se verificou que, para muitas empresas, a medida não é vantajosa financeiramente.

Dall´Acqua Júnior apresentou estudo feito pela entidade, que mostra que o pagamento de uma alíquota de 1% sobre o faturamento só beneficiará a empresa cuja despesa com funcionários for superior a 5% do faturamento bruto.

Pelas regras atuais, uma companhia com faturamento de R$ 100 mil, cuja folha de pagamento representa 4% do faturamento, desembolsa R$ 800 de contribuição previdenciária. Esse valor aumenta para R$ 1 mil, se o gasto com pessoal representar 5% do faturamento, e para R$ 1,2 mil, se corresponder a 6% da receita. Com a nova fórmula, no entanto, o pagamento de tributo seria de R$ 1 mil, ou seja, atrativa apenas para as empresas cuja folha de pagamento representa mais de 5% do faturamento bruto.

Para que a medida do governo federal beneficie o senhor, seria preciso dar a opção da empresa decidir pelo pagamento de 20% de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento ou um percentual do faturamento, afirma Dall´Acqua Júnior. Dessa forma, cada empresa faria suas contas para saber se a desoneração da folha é vantajosa financeiramente. "Foi um presente de grego", afirmou o representante do setor varejista paulista.

Recentemente, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória 582, que agora depende de sanção da presidente Dilma Rousseff. Após alterações no texto, a MP tornou facultativa a adesão à desoneração da folha de pagamentos para indústria e alguns segmentos do setor de serviços. O Ministério da Fazenda é contrário à mudança, mas a Fecomercio-SP tenta, por meio de emenda apresentada pelo deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) à MP 601, garantir o direito de escolha também para o setor de comércio.

Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, a desoneração da folha de pagamento do varejo terá um impacto de R$ 1,27 bilhão em 2013. A partir do próximo ano, esse custo sobe para R$ 2,1 bilhão. Dentre os beneficiados do setor estão lojas de departamento ou magazines, materiais de construção, equipamentos e suprimentos de informática, telefonia e comunicação, artigos de vestuário, tecidos, livros, entre outros.

Por enquanto, 42 setores econômicos serão atendidos com a desoneração da folha neste ano. O objetivo do governo é ampliar a lista de beneficiados, porém, esse movimento dependerá de margem fiscal.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Novo reajuste confirma ritmo de recuperação nos preços do papel

Produtores de papéis para embalagens anunciaram um novo reajuste de 10% no mercado internacional a partir de abri...

Veja mais
Nivea tem expansão de 17,7% na América Latina

As vendas da alemã Beiersdorf, fabricante dos cremes Nivea, aumentaram 17,7% na América Latina em 2012, im...

Veja mais
Com o fim de promoções, vendas caem em fevereiro

O movimento de consumidores no comércio do país diminuiu 0,5% em fevereiro, ante janeiro, feitos os efeito...

Veja mais
Ovos mais caros e menores deverão prevalecer na Páscoa deste ano

Os consumidores de ovos de chocolate durante o período da Páscoa vão encontrar um produto mais caro...

Veja mais
Caminhão ignora horário de restrição na marginal Tietê

Durante uma hora, reportagem flagra 236 veículos, de 20 empresas diferentes; medida completa um anoSindicalista a...

Veja mais
Cade aprova compra de lojas da Colombo pela Cybelar

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu pela aprovaç&a...

Veja mais
China define 7,5% como meta de alta do PIB e mira no mercado doméstico

Uma semana antes de deixar o poder, o premiê Wen Jiabao anuncia que país vai ampliar seus gastos púb...

Veja mais
BRF pretende ganhar mercado externo com alimentos processados

Empresa quer deixar de ser apenas exportadora de commoditiesA BRF, empresa criada a partir da fusão entre Sadia e...

Veja mais
Farmácias e drogarias podem repetir alta de 18% este ano

Após crescer 16,1% em 2012 e atingir o faturamento de R$ 25 bilhões, o setor de farmácias e drogari...

Veja mais