Idec defende que informar quanto os produtos custam por quilo, litro ou metro facilitaria a comparação de preços pelo consumidor
Para quem quer testar suas habilidades matemáticas, os supermercados podem ser um bom lugar. Na seção de higiene, por exemplo, é um desafio calcular qual papel higiênico vale a pena levar dentre as dezenas de variações de pacotes com quatro, oito, 12, 16, 24 e até 30 rolos de 30, 40 ou 50 metros de comprimento – sem falar nas versões perfumadas e decoradas. Além desse, outros produtos são oferecidos em embalagens com conteúdos diversos, o que dificulta a comparação, avalia o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Se, além do preço do produto, fosse indicado o valor correspondente por unidade de medida, ou seja, quanto ele custa por metro, litro ou quilo, tudo ficaria mais fácil, defende o instituto.
Para comprovar a dificuldade que os consumidores brasileiros enfrentam ao fazer compras em supermercados, o Idec levantou os preços de 185 mercadorias de 59 marcas, entre alimentos, bebidas, artigos de higiene e de limpeza, e verificou a variação de preço entre itens da mesma marca, mas com embalagens de tamanhos diferentes, e entre artigos similares de fabricantes distintos.
As maiores diferenças de preço verificadas são justamente entre os de mesma marca, principalmente no caso de bebidas. Os valores por litro de água mineral e de refrigerante variam mais de 100% na maioria dos casos, considerando as embalagens de uso individual (garrafas de água de 500 mL e latas de refrigerante de 350 mL, por exemplo) e as garrafas “tamanho família” de 1,5 litro de água e as de 2 litros ou mais de refrigerante.
É claro que a escolha dos produtos não deve se basear apenas no preço por unidade, orienta o Idec. Numa casa com duas pessoas, por exemplo, não faz sentido comprar um refrigerante de 3,3 litros, mesmo que ele seja mais barato comparativamente, pois dificilmente a dupla vai dar conta de consumir tudo antes de a bebida ficar sem gás.
Também não dá para levar uma garrafa de 1,5 litro de água para a academia. Mas há alimentos que não são perecíveis em curto prazo e outros produtos cuja praticidade não é tão relevante. Nesses casos, a diferença de preço conforme o tamanho da embalagem é algo a ser considerado.
A pesquisa do Idec busca orientar o consumidor a fazer melhores escolhas quando o critério for preço e diante de promoções como leve três e pague dois.
— A informação do preço por unidade de medida contribui para que o consumidor possa fazer escolhas mais precisas. Nem sempre a embalagem maior é a mais econômica. Além do preço, o consumidor também precisa avaliar suas reais necessidades — aponta Ione Amorim, economista do Idec responsável pelo levantamento.
Como foi feita a pesquisa
Foram pesquisados os preços de 185 produtos de 59 marcas, entre alimentos, bebidas, artigos de higiene e de limpeza, vendidos em diferentes embalagens. O levantamento foi feito no site de três redes de supermercados: Comper (presente em Brasília-DF, Campo Grande-MS, Cuiabá-MT, Várzea Grande-MT, Itajaí-SC e Grande Florianópolis-SC); Extra (presente em vários estados do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste); e Sonda (presente na Grande São Paulo e no ABC paulista).
Os valores foram convertidos em unidade de medida correspondente (metro, litro ou quilograma) para que pudesse ser feita a comparação entre produtos da mesma marca e também de marcas diferentes.
Veículo: O Globo - RJ