Cosmético para homem vende até 70% mais em 2008

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Macho que é macho não faz a unha e nem tinge cabelo, certo? Se depender do comportamento do homem brasileiro em 2008, essa afirmação não é tão verdadeira assim. As vendas de produtos cosméticos e serviços de estética voltados para o público masculino cresceram como nunca no ano passado. Na Hypermarcas, dona da Niasi, líder em esmaltes, o único produto da linha voltado para homens - o esmalte incolor Risqué Homem - vendeu 70% mais, tanto em faturamento quanto em vendas. A procura pela linha de coloração para os consumidores grisalhos mais que dobrou de 2006 até agora. 

 

Até mesmo produtos mais caros, como a nova linha Vichy Homme, do laboratório francês Vichy, tiveram boa aceitação no mercado. Lançada em julho, a linha já representa 7% das vendas totais da marca no país. Nos institutos de beleza, acontece o mesmo: "Em breve, os homens já serão metade de nossa clientela", diz Olinda Higa, gerente do salão Tampopo, de São Paulo, onde de cada 10 clientes, 4 são homens. 

 

"Faz tempo que os homens vêm se cuidando. Mas nunca vendemos tanto quanto agora", diz Gabriela França, gerente de produto da área de esmaltes da Niasi. Ela conta que a linha Risqué Homem, com uma base fosca e outra semi brilho para unhas, já existe desde 2005. Mas 2008 foi o ano de glória do produto. "Teve loja em que o esmalte chegou a faltar", afirma. 

 

Para 2009, o setor não vê crise. "A previsão é de dobrar as vendas", diz Henric Sark, diretor da divisão cosmética ativa da L´Oréal, proprietária dos Laboratórios Vichy, sobre a linha masculina, composta por produtos como cremes anti-rugas, hidratante e um stick (produto em formato de batom) para olheiras. 

 

Sark explica que o interesse do consumidor masculino por cosméticos tem crescido, não apenas por um desejo de agradar mais as mulheres. "O homem quer parecer mais jovem e disposto em um mercado de trabalho bastante dinâmico e competitivo", explica. Tanto é, que, segundo uma pesquisa recente realizada pelos Laboratórios Vichy com 600 dermatologistas da América Latina, 30% dos pacientes hoje são homens. 

 

Nos salões, a história é a mesma. O movimento cresce ano a ano - na casa dos 10% - e por isso os institutos têm desenvolvido serviços específicos para os público masculino, como o reflexo invertido. "Quando o homem grisalho pinta o cabelo, fica artificial. Por isso, fazemos o reflexo invertido", explica Olinda, do Tampopo. O procedimento é o mesmo usado por mulheres para fazer mechas mais claras no cabelo. Mas, como o nome diz, em vez de clarear, nos homens as mechas são escurecidas. "Fica bem natural", diz ela. 

 

Natural, aliás, é a palavra de ordem dos consumidores de cosméticos masculinos. "Eles não querem parecer bonitos ou bem cuidados. Eles querem dar a impressão que já nasceram lindos", diz Gabriela, da Niasi. Sua colega, Sylvia Granziera, gerente de produto da linha de tinturas, concorda. "É por isso que a linha Biocolor Homem não tinge o cabelo de uma vez", diz. O produto, explica, vai dando tonalidade aos fios a cada aplicação. Além disso, diferentemente das tinturas femininas, a aplicação é feita em 5 minutos e não em 20. "Homem não tem paciência", afirma a executiva. 

 

Na Niasi, tanto o esmalte quanto os tonalizantes custam em média o mesmo preço que os similares femininos. Nos salões, os procedimentos também têm preços semelhantes. "Mas quando o homem se empolga, gasta mais até que as mulheres", diz George Arliani, diretor da rede espanhola de salões LLongueras, com unidade em São Paulo. "Tenho clientes homens que gastam mais de R$ 1,2 mil em estética por mês", afirma ele. "A mulher gosta de estar no salão se cuidando. Para o homem, o resultado é o mais importante. E se ele percebe que o resultado foi bom, ele experimenta mais." 

 

No Studio W, de São Paulo, a clientela masculina é tão representativa que o proprietário da rede, o cabeleireiro Wanderley Nunes, criou até uma sala reservada onde o homem pode fazer todos os procedimentos que desejar, sem ser visto. "O crescimento do interesse masculino é um reflexo do amadurecimento do mercado brasileirode cosméticos e beleza em geral", diz o empresário. "Há três anos, o Brasil era o sétimo mercado mundial. Hoje ficamos atrás apenas dos EUA e do Japão", afirma Nunes. 

 

Clélia Cecília Angelo, presidente da Surya Brasil, tem a mesma opinião. Por 30 anos, a empresa se dedicou a cosméticos somente para mulheres. Mas este ano a empresa lançou sua primeira linha masculina, com produtos para barbear, tratar os cabelos, além de um esfoliante facial. "Nenhuma empresa do setor pode mais deixar esse público de lado", diz a executiva. 

 

Veículo: Valor Econômico


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