A crise financeira que insiste em se perpetuar nos noticiários chegou de vez ao País e já afetou os exportadores de frutas, que nos últimos anos contabilizavam vários resultados positivos. Eles viram em novembro a exportação de seus produtos cair 3,6% em comparação com o mesmo mês de 2007, com 812 mil toneladas de frutas comercializadas. A banana e o suco de laranja influenciaram esse índice.
Um aspecto interessante a ser observado, todavia, é que a desvalorização do Dólar, antes cotado a R$ 1,50 e hoje valendo R$ 2,36, não fez a movimentação de cargas aumentar para as empresas nacionais, mas trouxe mais dinheiro para elas, que lucraram 13% a mais em novembro de 2008 do que em novembro do ano passado, passando de US$ 594 milhões arrecadados para US$ 673 milhões.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Moacyr Fernandes, a queda no volume das exportações em 2008 teve como principal motivo a perda dos cultivos de banana no Rio Grande do Norte, por causa das inundações ocorridas neste ano na região Nordeste. Outro problema foi o fato da União Européia ter imposto restrições as laranjas in natura, por conta de uma a praga.
O resultado foi uma queda de 23% nas exportações de laranja e 31% da banana, pois o Rio Grande do Norte é o segundo maior exportador da fruta. Outro setor que contribuiu para a queda no volume foi o mamão, com redução de 6% nas exportações este ano, “influenciados pela valorização do Real perante o Dólar em grande parte de 2008”, afirma o presidente do instituto.
No entanto, os preços médios alcançados em 2008 superaram os valores de 2007 e, por isso, o valor das exportações obteve um saldo positivo. “Os números mostram as exportações em menor escala, mas apresentam maior valor agregado”, ressalta o comandante da Ibraf. A previsão do órgão é fechar 2008 com US$ 724 milhões movimentados e 880 mil toneladas de frutas exportadas.
As frutas processadas também sofreram um decréscimo de 10% em valor e 1,3% em volume até novembro, influenciados principalmente pela queda do suco de laranja concentrado congelado no mercado de commodities de Nova York, causado pelo elevado estoque no mercado internacional e queda no consumo do suco de laranja nos Estados Unidos.
Contudo, alguns outros produtos tiveram um desempenho positivo, como o suco de laranja do tipo não concentrado. Outros exemplos são os sucos de frutas tropicais, que cresceram 31%, e as polpas de frutas do trópico equatorial, com destaque ao açaí, “que obteve aumento de 10% comparando com o ano anterior, passando de 11 mil toneladas para 12 mil”, informa o diretor da Ibraf Raimundo Sergio Menezes.
Veículo: Revista Porto Gente