Os elevados custos dos insumos prejudicaram a cafeicultura mineira em 2008. A avaliação é do assessor especial de café da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Wilson Lasmar, ao destacar que os produtores de café enfrentam ainda preços baixos e intempéries climáticas desde o final de 2007.
Segundo Lasmar, 2008 registrou uma produção com custos altos e vendas a preços que não cobriram os gastos com a atividade, cenário que deixou o produtor descapitalizado. "O final do ano anterior foi de seca nos cafezais e em setembro de 2008 ocorreram chuvas de granizo que chegaram a deteriorar entre 32 mil e 33 mil hectares de café no Sul de Minas, de um total mineiro de cerca de 1 milhão de hectares", ponderou.
Em função da intempérie em setembro, há fazendas no Sul de Minas que não terão nenhum grão para colher em 2009 por causa das chuvas de granizo, salientou. "Agora, os produtores estão endividados e esperando uma possível recuperação do setor ainda no decorrer de 2009. Os problemas que os produtores enfrentam só serão amenizados quando a atividade for rentável", explicou.
Os custos neste ano variaram de acordo com cada região e a média mineira girou entre R$ 270 e R$ 300 por saca de café produzida enquanto que o preço mínimo deveria girar entre R$ 300 e R$ 320 por saca. Mas os preços do café se mantiveram sempre abaixo dos custos, com o agravante de que o cafeicultor não consegue mudar de atividade pela cultura se tratar de uma atividade perene, salientou. "Se fosse fácil mudar de ramo, muitos produtores teriam abandonado a atividade em 2008", alertou.
O preço da saca de café em 2008 girou entre R$ 240 e R$ 250 em Minas Gerais, mas existem perspectivas de melhoria no preço em função da bianualidade do grão, uma vez que a próxima safra deverá ser menor que a deste exercício. "Para produzir café, os produtores que estão comprando adubos e fertilizantes neste momento estão encontrando preços mais em conta, porém, os que compraram com preços em alta terão que administrar bem para não arcar com novos prejuízos", salientou.
Para Lasmar, existe uma necessidade urgente de reaquecer o mercado de café uma vez que o produtor não suportará esta situação por muito tempo. "Esperamos que o próximo ano seja melhor que o que está acabando mas as perspectivas iniciais só serão conhecidas a partir de fevereiro, com os preços dependendo também da demanda internacional que poderá voltar a rejustar preços", projetou.
Veículo: Diário do Comércio - MG