Até 2050, para saciar a fome de uma população mundial estimada em 10 bilhões de pessoas, a produção de alimentos precisará dobrar, de acordo com a ONU. No caso do Brasil, o aumento da produtividade agropecuária será uma realidade sem que áreas de proteção sejam afetadas, segundo o diretor de sustentabilidade do grupo frigorífico JBS, Márcio Nappo. Veja sua entrevista:
Como será possível produzir mais alimentos sem abrir novas áreas?
Simples, aumentando a produtividade. Atualmente, o Brasil possui cerca de 200 milhões de hectares de pasto, com uma produção de apenas meia cabeça por hectare. Podemos facilmente triplicar esse número de animais nos pastos já existentes sem desmatar.
Por que a pecuária decidiu olhar para a questão ambiental?
Por vários fatores. Primeiro, porque se trata de uma exigência de mercado. O Ministério Público exige. As redes de supermercados exigem. Os governos e os consumidores de todo o mundo também. Segundo, porque a pecuária está amadurecendo. A setor é a última atividade agrícola a se profissionalizar no País. Os abatedouros se transformaram em competidores globais. Esse movimento criou um círculo virtuoso.
Será possível equilibrar a produção agrícola e a proteção ambiental?
Seremos um modelo nisso. O setor não apenas preservará as áreas de mata nativa, como ajudará a equilibrar o ecossistema. Existe um volume de carbono sob a terra três vezes maior do que há na atmosfera. Isso significa que o correto manejo do solo é fundamental para que a atividade agrícola seja protagonista no processo de sequestro do carbono, não um emissor.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro