St Marche aposta no comer bem, em casa

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A turbulência financeira mundial não afetou os planos de expansão do grupo de supermercados St. Marche. O objetivo é chegar a 30 lojas no país em cinco anos, com três a cinco inaugurações no ano que vem. Hoje a rede conta com seis unidades em São Paulo, entre elas o sofisticado Empório Santa Maria, comprado em novembro de 2007 do grupo Expand. 
 


Bernardo Ouro Preto, um dos sócios da companhia, apóia-se em dois argumentos para justificar seu otimismo. O primeiro é o mesmo de outros empresários que lidam com alimentos: esse setor costuma ser o último a sofrer nas crises. O segundo diz respeito ao comportamento de seu público-alvo, as classes alta e média-alta. 

 

"O que acho que vai acontecer com esse consumidor? Preocupado com a crise, vai deixar de jantar fora três vezes por semana para sair apenas uma. Nos outros dias, vai jantar em casa, por isso irá mais ao supermercado", diz Ouro Preto. "Além disso, como as pessoas já não vão comprar uma casa nova, já não vão trocar de carro, se darão direito a pequenos prazeres, como tomar um bom vinho". 

 

Nem a disparada do dólar parece abalar o humor do empresário, apesar de os importados responderem por cerca de 20% do mix de suas lojas. Boa parte do estoque para o fim do ano foi contratado antes da crise financeira e a estratégia tem sido negociar com os fornecedores para evitar repasses do novo câmbio. 

 

"Não estamos aceitando aumentos até janeiro", afirma. "Em vinhos, por exemplo, em que há mais de 50 importadores no mercado, escolho não comprar de quem está aumentando". Cada loja do grupo oferece cerca de 500 rótulos da bebida, entre nacionais e importados. 

 

O projeto de expansão, iniciado em 2006 com a abertura da segunda loja no Panamby, bairro na zona sul da cidade de São Paulo, tem garantido um crescimento acelerado nas vendas. Neste ano, o acréscimo deve superar 20%, sobre um faturamento de mais de R$ 100 milhões. A expectativa de Outro Preto para 2009 é manter esse ritmo de crescimento. 

 

O plano de novas lojas para os próximos cinco anos contempla não só unidades St. Marche, mas também a bandeira Empório Santa Maria, que deve ter outras três ou quatro unidades. "As duas primeiras devem ser no Rio e em Brasília", afirma o empresário, sem fixar data para as inaugurações. 

 

Ele aposta num modelo de negócio desenhado em 2002, com seu sócio Victor Leal: uma rede de supermercados de bairro que se diferencie pela qualidade de seus perecíveis - hortifruti, produtos de padaria e açougue -, mas que também ofereça itens não-perecíveis a preços competitivos. Para financiar o projeto, contam com 12 sócios investidores, cujos nomes não revelam. "São pessoas de diversos ramos, profissionais liberais, que em vez de aplicar na bolsa decidiram investir em nós". 

 

Ouro Preto e Leal, de 39 e 43 anos, respectivamente, também vinham de outras áreas quando formaram a sociedade. Filho de diplomata, Ouro Preto morou muitos anos no exterior e sempre trabalhou no mercado financeiro. Leal dirigiu diversas unidades de negócios do grupo Gradiente, em que trabalhou por nove anos. 

 

Com a vontade comum de montar um negócio próprio, viram o varejo alimentício como promissor. "É um setor muito fragmentado. Há 70 mil lojas no país. Menos de 2 mil pertencem às cinco maiores redes de supermercados", afirma Ouro Preto. 

 

Para dar o pontapé inicial, compraram o supermercado Marche Place des Vosges, localizado num condomínio de alto padrão no Morumbi, de onde saiu o nome da rede, St. Marche. Fizeram uma ampla reforma, ampliaram o mix para 10 mil itens e se dedicaram a aprender na prática todos os detalhes da operação, até partirem para a expansão. De 2006 para cá, ergueram três lojas do zero e compraram outras duas - uma unidade da rede Mambo no Alto de Pinheiros e o Empório Santa Maria. 

 

"No Santa Maria vimos o mesmo que constatamos quando compramos o supermercado do Morumbi: tudo era muito caro e a linha era incompleta. Quadruplicamos o número de itens e baixamos os preços." Além disso, na reforma realizada em julho também foi instalada uma cafeteria no térreo e o restaurante passou a funcionar, bastante ampliado, no mezanino. 

 

"Hoje o consumidor pode fazer a sua lista de compras, incluindo itens básicos como material de limpeza e higiene, e encontrar tudo aqui. Só acho difícil ele se limitar à lista", brinca ele, referindo-se ao sortimento de produtos sofisticados (os tais "pequenos prazeres") que fizeram a tradição da casa e continuam por lá. 

 

Veículo: Valor Econômico


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